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Justiça aceita denúncia contra auditores que atestaram contabilidade do Cruzeiro do Sul

Ministério Público Federal, em São Paulo, aponta que, entre 2007 e 2011, eles omitiram a falsidade de milhares de contratos de empréstimo consignado

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Foto do author Julia Affonso
Por Fausto Macedo , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

 Foto: Wilton Junior/Agência Estado - 2012

Atualizada às 18h26

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A Justiça Federal em São Paulo instaurou ação penal contra três sócios da KPMG Auditores Independentes, por participação em fraudes que teriam levado à liquidação do Banco Cruzeiro do Sul, em 2012. A decisão atende a uma denúncia do Ministério Público Federal contra Francesco Luigi Celso, Ricardo Anhesini Souza e Silbert Christo Sasdelli Junior. A Procuradoria afirma que os auditores atestaram 'a regularidade de milhares de contratos fictícios de empréstimo consignado mantidos pela instituição financeira entre 2007 e 2011, o que mascarou um rombo de R$ 1,25 bilhão nas contas do banco'.

O Bando Central decretou a liquidação do Cruzeiro do Sul em 2012, depois que malograram negociações para a venda da instituição, que havia entrado em sob regime de intervenção.

Esta é a terceira denúncia oferecida contra envolvidos no escândalo do Banco Cruzeiro do Sul. As outras duas foram ajuizadas em 2012, quando o Ministério Público Federal pediu a condenação de ex-gestores, administradores e funcionários da instituição por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.

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De acordo com o Ministério Público Federal, em todos os relatórios, os auditores 'ignoraram uma série de irregularidades que demonstravam a falsidade dos papéis'. Uma das irregularidades teria sidoa pequena quantidade de respostas a cartas enviadas a clientes solicitando a confirmação das operações de crédito. Outra teria sido identificada em erros nos documentos avaliados, como falta de numeração, ausência de assinaturas em termos de adesão e divergência de valores. Segundo a Procuradoria, apesar dos indícios de fraude, a KPMG considerou lícitos os registros do banco, sem observações sobre as incongruências.

"Diante de tais vultosas irregularidades, Francesco, Ricardo e Silbert adotaram dolosamente procedimentos de auditoria insuficientes e inadequados para a detecção das graves distorções nos demonstrativos financeiros do Banco Cruzeiro do Sul e elaboraram e emitiram pareceres e relatórios sem as necessárias ressalvas nas datas-base relativas aos exercícios semestrais de 2007 a 2011", anotou o procurador da República Sílvio Luís Martins de Oliveira, autor da denúncia.

Segundo a Procuradoria, no período em que a KPMG auditou o balanço contábil do banco, 'cerca de 320 mil contratos falsos de empréstimo consignados foram criados para se forjarem ativos financeiros'. Ricardo teria assinado as auditorias dos exercícios de 2007 e 2008 com Silbert, suposto responsável pelos relatórios no biênio seguinte.

A denúncia do Ministério Público Federal aponta que a auditoria relativa a 2011 coube a Francesco.

"Ao atestarem a regularidade das contas, os três mantiveram em erro o Banco Central do Brasil e os investidores do Cruzeiro do Sul, crime pelo qual podem ser condenados a até seis anos de prisão", informa a denúncia.

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O número da ação contra Francesco Luigi Celso, Ricardo Anhesini Souza e Silbert Christo Sasdelli Junior é 0003727-67.2016.403.6181. A tramitação pode ser consultada em http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/.

COM A PALAVRA, A KPMG AUDITORES INDEPENDENTES

Com relação ao processo envolvendo os sócios da KPMG que atuaram na auditoria do Banco Cruzeiro do Sul, a KPMG e seus sócios informam que, por respeito e obediência às determinações legais, tais ações devem obedecer o sigilo de rigor.

Assim sendo, neste momento, a KPMG e seus sócios estão impedidos legalmente de se manifestarem sobre o assunto.

Reforçamos que a KPMG e seus sócios têm plena convicção de que realizaram, dentro dos limites que a profissão impõe, a contento e em conformidade com as normas aplicáveis, os trabalhos necessários à emissão dos pareceres e relatórios de auditoria.

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A KPMG e seus sócios irão colaborar com as autoridades de maneira transparente e confiam no esclarecimento dos fatos

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