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Julieta, da roça, 78, analfabeta, ganha, enfim, sua aposentadoria rural

Benefício, que poderia estar sendo pago há 23 anos, foi concedido por ordem judicial na 2.ª edição do Programa Acelerar-Núcleo Previdenciário

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Por Redação
Atualização:

Julieta Maria dos Santos. Fotos: Aline Caê Foto: Estadão

Por Julia Affonso

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A dona de casa Julieta Maria dos Santos, de 78 anos, conseguiu sua aposentadoria rural por idade na terça-feira, 26, na 2ª edição do Programa Acelerar-Núcleo Previdenciário, em São Miguel do Araguaia, interior de Goiás. O benefício, no entanto, já poderia estar sendo recebido por ela há 23 anos.

Julieta, analfabeta, contou para o juiz Everton Pereira Santos que pleiteou a aposentadoria apenas em 2007, quando deu entrada na papelada solicitando pensão por morte de seu marido, vítima de blastomicose, doença que ataca o pulmão. No entanto, ela requereu somente o segundo benefício, que levou mais de seis anos para ser concedido.

O atual advogado, Ciro Alexandre Soubhia, explicou que antigamente as pessoas não pleiteavam certos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por falta de conhecimento de seus direitos e também pela dificuldade na apresentação da prova documental.

Julieta vai receber um salário mínimo e parcelas vencidas a partir da data do requerimento administrativo, ocorrido em fevereiro de 2014. As informações estão no site do Tribunal de Justiça de Goiás.

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"Hoje, na Justiça, as coisas estão bem mais fáceis, a prova documental é complementada pelas testemunhas", observou o advogado.

Planos. A dona de casa contou que nasceu e foi criada em fazenda. Ela teve sete filhos, dois já morreram.

Feliz com o benefício, a dona de casa disse que "essa ajuda veio em boa hora" e vai auxiliá-la nas despesas da casa e na compra de remédios que toma diariamente para pressão e depressão. Segundo ela, a depressão "é muito ruim, pois a deixa sem coragem e com vontade de não fazer nada".

Eis o cotidiano de Juliata. "Não tenho mais ânimo nem para fazer os doces e bolos que fazia. A minha vontade é só de ficar quietinha. Às vezes assisto à televisão e logo vou para o meu quarto", relata. "Nasci e me criei na roça. Lá também criei meus filhos, enquanto ajudava o meu marido."

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