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Juiz da Lava Jato confisca R$ 7,35 mi de Argello e manda para caixa do Congresso

Na sentença que condenou o ex-senador a 19 de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Sérgio Moro destacou que três empreiteiras pagaram propina de R$ 7,35 milhões para barrar CPIs; para o magistrado, que impôs ainda indenização de mais R$ 7,35 milhões a petebista, a vítima não foi a Petrobrás, mas o Parlamento

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Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Ao condenar o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) a 19 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o juiz federal Sérgio Moro impôs a ele um confisco de R$ 7,35 milhões. O dinheiro, por ordem de Moro, será destinado ao caixa do Congresso.

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A SENTENÇA

Para o juiz da Lava Jato, no caso envolvendo o ex-senador, 'a vítima não foi a Petrobrás, mas o Congresso'.

Argello foi preso em abril na Operação Vitória de Pirro, desdobramento da Lava Jato, por supostamente blindar empreiteiros que formaram cartel na Petrobrás entre 2004 e 2014. Argello integrava duas CPIs instaladas no Congresso para investigar desvios na estatal petrolífera.

"Para este crime, a vítima não foi a Petrobrás, mas o Congresso, representando o recebimento de propina por integrante da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito, uma afronta à dignidade do Parlamento", afirmou Moro.

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A investigação mostrou que Gim Argello recebeu R$ 7,35 milhões da UTC Engenharia, da Toyo Setal e da OAS em 2014. Segundo a força-tarefa, o repasse de propinas foi feito via doações eleitorais: R$ 5 milhões da UTC Engenharia, R$ 2 milhões da Toyo Setal e R$ 350 mil da OAS, montante destinado à Paróquia São Pedro, em Taguatinga.

Na mesma sentença, juiz da Lava Jato impôs ao empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, 8 anos e 2 meses de reclusão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Outro empreiteiro, Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, pegou 10 anos e seis meses de prisão pelos mesmos crimes.

O executivo Walmir Pinheiro Santana, ligado à UTC, foi condenado a 9 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa. Ricardo Pessoa e Walmir Santana são delatores da Lava Jato e vão cumprir penas estabelecidas em seus acordos de colaboração premiada.

"Assim, confisco do produto do crime e a indenização deverão ser revertidas ao Congresso. A condenação pela indenização mínima não se aplica aos condenados colaboradores, sujeitos ao confisco e à indenização específica prevista no acordo de colaboração e que abrangem este crimes e outros que são objeto de processos conexos. Valerão contra eles apenas se supervenientemente, descumprido o acordo", determinou Moro.

A defesa de Léo Pinheiro informou que não vai comentar o caso. A reportagem entrou em contato com as defesas de Ricardo Pessoa e Gim Argello, mas ainda não obteve retorno. As empresas citadas não comentam o caso.

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