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Joaquim Barbosa, Teori Zavascki e a 'ira' de manifestantes contra o STF

Ex e atual ministro da Corte Suprema foram alvos de protestos e demonstrações de intolerância de grupos distintos ao julgarem casos emblemáticos

Por Mateus Coutinho
Atualização:

Teori Zavascki (esq) e Joaquim Barbosa (dir). Foto: Estadão

Responsáveis por julgar políticos com foro privilegiado, os ministros do Supremo Tribunal Federal também podem virar alvo de protestos ao julgar escândalos envolvendo autoridades e partidos políticos. Em dois anos, dois membros da Corte, o já aposentado Joaquim Barbosa e o atual relator da Lava Jato, Teori Zavascki experimentaram situações semelhantes de críticas, manifestações e até ameaças ao terem que decidir sobre casos emblemáticos do Judiciário.

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Em 2014, o então ministro Joaquim Barbosa foi alvo de duras críticas de militantes ligados ao PT. Barbosa ficou conhecido por sua emblemática atuação como relator do processo do mensalão, o maior julgado pelo STF até então e que botou na cadeia 25 políticos e grandes empresários, incluindo os principais nomes do governo Lula como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares.

Um ano antes, o STF, a partir do voto de Barbosa, condenou os principais réus do esquema de corrupção montado durante o primeiro mandato do governo Lula e decretou a prisão de 20 condenados, dentre eles Dirceu, Genoíno, Delúbio e o ex-deputado federal João Paulo Cunha. As prisões atingiram em cheio o partido do governo e mobilizou militantes do PT em apoio dos correligionários. Vários deles, inclusive, chegaram a fazer vigília em frente à Polícia Federal em São Paulo, onde Dirceu foi preso.

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Além da mobilização, contudo, alguns radicais passaram a protestar, inclusive nos arredores do Supremo, e até a ameaçar abertamente Joaquim Barbosa, o mais duro ministro da Corte durante o julgamento. Já em 2014 ele chegou a ser hostilizado por manifestantes petistas que o perseguiram e o chamaram de "tucano" e "projeto de ditador" em um bar em Brasília.

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Um grupo de radicais chegou a ameaçá-lo na internet, o que deu origem a dois inquéritos da Polícia Federal. "Joaquim Barbosa deve ser morto. Ponto Final. Estou ameaçando a um monstro que é uma ameaça ao meu país. Barbosa é um monstro e como monstro deve ser tratado," disse um militante petista em seu perfil no Facebook, no episódio que originou um dos inquéritos policiais. No outro inquérito, a PF investigou um perfil na rede social que convocava militantes do PT a atentar contra a vida de Barbosa. O ministro se aposentou em julho de 2014 alegando motivos de saúde e, atualmente, exerce a advocacia.

Protesto em frente à residência do minsitro do STF, em Porto Alegre. Foto: Chico Guevara/Estadão

A situação de intolerância volta à tona em 2016, diante dos avanços da Operação Lava Jato, que revelou um megaesquema de corrupção envolvendo as maiores empreiteiras do País e licitações na Petrobrás e também em outros setores da administração pública. Desta vez o alvo é o relator do processo, ministro Teori Zavascki, que recentemente determinou que todas as investigações envolvendo o ex-presidente Lula fossem remetidas ao Supremo, após o petista ter seu telefone grampeado em conversas com a presidente da República, Dilma Rousseff. Lula é investigado por suspeita de se beneficiar do esquema de corrupção na Petrobrás por meio de favores de empreiteiras.

A situação despertou a ira de opositores do PT e radicais de direita que querem ver Lula ser julgado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância e conhecido por ser duro e ágil para condenar investigados. Diante disso, grupos organizaram atos em frente ao STF em Brasília e radicais chegaram a divulgar os endereços residenciais do ministro e de seu filho, em Porto Alegre e na capital federal. As residências foram alvos de protestos com duras críticas ao ministro do Supremo, chamado até de "traidor".

Manifestação contra o ministro Teori Zavascki na frente do Supremo Tribunal Federal em Brasilia. FOTO ANDRE DUSEK /ESTADÃO Foto: Estadão

Com isso, o Ministério da Justiça ofereceu reforço na segurança institucional e pessoal de todos os ministros do STF. A pasta determinou que a Polícia Federal abrisse inquérito para investigar possíveis "instigações e ameaças aos magistrados".

"O Ministério da Justiça zelará para que o momento de tensão política não dê lugar a atos de violência e intolerância contra quem quer que seja", diz a nota. A pasta afirma que a PF foi instruída a investigar tanto "manifestações públicas ao redor de suas residências como em redes sociais" contra os ministros do Supremo.

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