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Janot quer Palocci como testemunha contra 'quadrilhão' do 'PMDB da Câmara'

Ex-ministro homem forte do PT que confessou crimes na última semana e incriminou Lula integra lista de 44 nomes listados em flechada derradeira da PGR, que atinge Temer

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Ricardo Brandt , Rafael Moraes Moura , Breno Pires , Beatriz Bulla e de Brasília
Atualização:

Antonio Palocci. Foto: Reprodução

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer que o ex-ministro Antonio Palocci seja testemunhad e acusação no processo contra o "quadrilhão" do "PMDB da Câmara", que incluiu o presidente, Michel Temer, acusado de organização criminosa e tentativa de obstrução à Justiça.

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O LÍDER

A denúncia é a flechada derradeira de Janot, que deixa o cargo no dia 17, nas investigações do "quadrilhão" formado por membros do PT, do PMDB e do PP, acusados de corrupção pela Operação Lava Jato.

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A acusação imputa ao grupo, encabeçado por Temer e que inclui dois ministros, Eliseu Padilha e Moreira Franco, além do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o homem das malas de R$ 51 milhões, e os ex-deputados Eduardo Cunha e Rodrigo Rocha Loures, o acerto de R$ 587 milhões em propinas.

Janot colocou no rol de testemunhas da PGR 44 nomes, sendo que 40 deles são delatores - a denúncia considera 36 como colaboradores no caso - e outros candidatos a delator, como Palocci e José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. Na lista dos não colaboradores está o amigo de Temer Jose Yunes.

Palocci confirmou a existência do esquema de fatiamento político da Petrobrás entre PT, PMDB e PP e apontou Lula como maior beneficiário. São quatro denúncias do quadrilhão da Lava Jato: uma contra políticos do PP, uma contra os do PT, que inclui Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, uma contra o PMDB do Senado e essa contra o PMDB da Câmara.

Só na Petrobrás, o grupo liderado por Temer é acusado de receber R$ 350 milhões em propinas. Com a inclusão das descobertas da corrupção ligadas à JBS e de outras, como no Ministério da Integração Nacional, a denúncia alcança o valor de R$ 857 milhões

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, O KAKAY, QUE DEFENDE JOESLEY E WESLEY BATISTA

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Como advogado de Joesley e Ricardo Saud venho registrar a mais completa indignação e perplexidade ante esta denúncia apresentada. O Dr Janot, já em vias de deixar o cargo, tratou de usurpar a competência do Supremo Tribunal Federal ao querer rescindir unilateralmente o acordo de delação homologado pelo Ministro Fachin.

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Ao fazer a delação, meus clientes acreditaram na boa-fé do Estado - afiançados pela pessoa do Procurador-Geral da República - e se entregaram à segurança jurídica que julgavam ter o instituto da delação.

Após o acordo, firmado pelas partes e homologado pelo STF, os delatores passaram a ter o direito subjetivo de usufruir dos benefícios acordados. Sem um motivo relevante, todavia, certamente como forma de tentar contornar as críticas à imunidade total antes firmada pelo PGR e concedida aos delatores, ainda no curso do prazo para apresentarem provas e documentos complementares, concedido pelo próprio STF, o Dr Janot, de maneira desleal e açodadamente, apresenta uma Denúncia fundada justamente nas provas produzidas na delação que agora quer rescindir, isso tudo sem sequer esperar a manifestação do Supremo a respeito da validade ou não do acordo.

A Procuradoria, já há tempos, tem tentado agir como se fosse o próprio Poder Judiciário. E, ao que parece, todo esse turbilhão de acontecimentos e medidas drásticas e nada usuais, tomadas claramente de afogadilho, evidentemente por estar o Procurador em final de mandato, parece demonstrar certa desconfiança com a nova gestão, pois trata-se de criar fatos bombásticos, a atrair toda a atenção da imprensa e dos Poderes da República, na busca de um gran finale.

COM A PALAVRA, CEZAR BITENCOURT, QUE DEFENDE RODRIGO ROCHA LOURES

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"Rodrigo Rocha Loures não participou de nenhum acordo de pagamento ou recebimento de propinas atribuído ao PMDB da Câmara.Rodrigo era apenas um assessor pessoal do Presidente e não tinha nenhuma intervenção em atividades financeiras, ao contrário da recente denúncia contra o PMDB da Câmara.  A defesa repudia veemente mais uma denúncia leviana de Rodrigo Janot!!!"

COM A PALAVRA, DANIEL GERBER, QUE DEFENDE ELISEU PADILHA

Sobre a denúncia por organização criminosa feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal, contra o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o advogado Daniel Gerber que defende o ministro afirma: "Entendo como equivocada o oferecimento de uma denúncia com base em delações que estão sob suspeita, mas iremos demonstrar nos autos a inexistência da hipótese acusatória".

COM A PALAVRA, O ADVOGADO DELIO LINS E SILVA JÚNIOR, QUE DEFENDE EDUARDO CUNHA

Sobre a nova denúncia oferecida pela PGR, a defesa de Eduardo Cunha tem a dizer que provará no processo o absurdo das acusações postas, as quais se sustentam basicamente nas palavras de um reincidente em delações que, diferentemente dele, se propôs a falar tudo o que o Ministério Público queria ouvir para fechar o acordo de colaboração.

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