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Investigação aponta negócios entre BTG Pactual e filhos de amigo de Lula

Descoberta reforçou pedido da Procuradoria-Geral da República para Supremo converter em preventiva a prisão de André Esteves

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Atualização:

 

André Esteves. Foto: Fábio Motta/Estadão

Por Beatriz Bulla, de Brasília

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As investigações da Operação Lava Jato apontam negócios que chamam a atenção dos procuradores entre o BTG Pactual, de André Esteves, e negócios dos filhos do pecuarista e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai, preso na última terça-feira. As informações reforçaram o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para converter a prisão temporária de Esteves, detido na última quarta-feira, para prisão preventiva, portanto sem prazo para expirar. O ministro Teori Zavascki, do STF, atendeu a solicitação da PGR neste domingo.

Na última quinta-feira, a Força Tarefa da Lava Jato, em Curitiba, encaminhou para a Procuradoria material que já tinha sido colhido sobre Esteves nas apurações feitas pela Justiça Federal no Paraná. Entre as informações enviadas por Curitiba está a verificação de que o Banco BTG Pactual participou de transações consideradas suspeitas com empresas dos filhos de Bumlai. Na primeira, o banco teria participado de reestruturação financeira de uma usina que pertencia aos filhos do pecuarista em 2012, mas a empresa entrou em recuperação judicial no ano seguinte. Também em 2012, empresa do grupo financeiro do banco comprou por R$ 195 milhões uma fazenda dos filhos de Bumlai. O negócio é considerado suspeito pela Receita Federal.

Para os investigadores, até o momento há evolução sobre os indícios contra Esteves em duas frentes: na confirmação de que ele era o pólo financeiro da oferta de vantagens indevidas ao ex-diretor Nestor Cerveró para comprar o silêncio do ex-dirigente da estatal e nos indicativos sobre o interesse dos que seriam afetados por eventual delação premiada.

A informação de que o BTG Pactual está sob investigação no Tribunal de Contas da União por irregularidades na aquisição de ativos da Petrobras na África por preço inferior ao de avaliação, em 2013, também foi repassada para a PGR pela Força Tarefa de Curitiba. A diferença entre o preço pago e o valor de avaliação foi confirmada pelo ex-gerente da área internacional da estatal, Fernando José Cunha, ouvido no Paraná.

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Para os investigadores, as informações ressaltam que Esteves não tem interesse que venham à tona delações premiadas sobre estes assuntos. Em depoimento depois de preso, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) admitiu saber de negócios de Esteves na África. Tanto Cerveró como Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, tinham um acordo segundo as investigações para omitir em depoimentos da Lava Jato informações sobre irregularidades nos negócios do BTG Pactual na África.

A troca de bandeira de postos de combustíveis é mais uma das operações tidas como suspeitas nas investigações sobre Esteves. Em depoimento em agosto, no âmbito da Lava Jato, o banqueiro falou sobre a troca de nome de uma das empresas do BTG para dissociar a imagem do banco de uma sócia nas operações beneficiada por contrato de embandeiramento de postos de combustíveis com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A mudança de nome é vista como uma tentativa de esconder a identidade da empresa, uma "manobra" para atrapalhar as investigações. Foram apreendidos 80 documentos nas buscas em endereços ligados a André Esteves, além de dispositivos como tablets e celulares.

O depoimento do senador Delcídio Amaral depois de preso também fundamenta o pedido de conversão da prisão temporária do banqueiro em prisão preventiva. O parlamentar admitiu que o "André" a quem se referia nas conversas gravadas era Esteves.

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