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'Imperador do samba', ex-tesoureiro do PT nega propina e diz que 'incentiva' as escolas

Paulo Ferreira afirmou à PF, na Lava Jato, que ‘possui relação com o setor da cultura popular do Rio Grande do Sul’ e ajuda por ‘meio de modalidade de financiamento, a exemplo de leis de incentivo’

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Paulo Ferreira e Viviane Rodrigues. Fotos: Sergio Castro/Agência Estado e Luiz Armando Vaz/Diário Gaúcho/Agência RBS Foto: Estadão

O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, alvo de mandado de prisão na Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, afirmou em depoimento à Polícia Federal que 'não tem conhecimento da existência de cartel de empresas que atuaram em licitações da Petrobrás' e negou ter recebido propina de empreiteiras sobre obras da estatal. Paulo Ferreira foi tesoureiro da legenda entre 2005 e dezembro de 2009.

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A Operação Abismo aponta que o ex-vereador do PT, em Americana, Alexandre Romano, o Chambinho, intermediou propinas sobre obras do Centro de Pesquisa da Petrobrás (Cenpes) para Paulo Ferreira, que 'teria recebido os valores na condição de agente do Partido dos Trabalhadores'.

Os investigadores da Abismo afirmam que parte da propina destinada a Paulo Ferreira, sobre obras do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Rio, foi direcionada para a escola de samba Estado Maior da Restinga, em Porto Alegre.

Os investigadores descobriram que a madrinha de bateria da Estado Maior da Restinga, Viviane Rodrigues, recebeu uma espécie de 'mensalinho', abastecido com parte de propinas que teriam sido destinadas ao ex-tesoureiro do PT.

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Chambinho entregou à Procuradoria da República recibos de depósitos para a madrinha, a pedido de Paulo Ferreira. Entre 2010 e 2012, a sambista teria recebido R$ 61,7 mil em 18 parcelas.

À PF, o ex-tesoureiro afirmou. "Conhece a escola de samba Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga; conhece Viviane da Silva Rodrigues e Sandro Ferraz, bem como o presidente de tal escola; recebeu inclusive o título de imperador do samba do Rio Grande do Sul; possui relação com o setor da cultura popular do Rio Grande do Sul que incentiva as escolas de samba, por meio de modalidade de financiamento, a exemplo de leis de incentivo", declarou Paulo Ferreira.

O ex-tesoureiro do PT declarou à PF que conhece Chambinho desde 2006. O ex-vereador do PT foi preso em 2015 na Operação Pixuleco, fase da Lava Jato. Fez delação premiada e ganhou regime domiciliar.

Paulo Ferreira disse ser padrinho de casamento de Chambinho e não ter negócios com o ex-vereador do PT.

"Não recebeu valores em espécie de Alexandre Romano; em razão da relação de amizade e confiança que depositava em Alexandre Romano, acabou recebendo dele ajuda para a arrecadação de recursos para sua campanha para deputado federal em 2010", disse. "O dinheiro vinha de empresas que financiavam a sua campanha, bem como de recursos próprios de Alexandre Romano."

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O ex-secretário de Finanças do PT foi ouvido pela Federal em São Paulo, onde está preso por ordem da Operação Custo Brasil, que investiga desvios de R$ 102 milhões em contrato de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento. O mandado de prisão da Operação Abismo é posterior ao da Custo Brasil.

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Paulo Ferreira declarou que 'não tem conhecimento de empresas de construção que teriam efetuado oferta e/ou pagamento de valores a funcionários da Petrobrás'.

O ex-tesoureiro do PT disse ainda que não conhece o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e nem o ex-gerente executivo da companhia Pedro Barusco, um dos delatores de esquema de corrupção investigado na Lava Jato.

"Não conhece nenhum gestor ou diretor a Petrobrás envolvido na Operação Lava Jato; que não tem conhecimento de empresas de construção que teriam realizado oferta e/ou pagamento de valores a algum partido político para obter vantagem em licitações ou execução de contratos com a Petrobrás", afirmou.

Segundo a Procuradoria da República, o esquema investigado na Abismo envolveu diversas empresas que pagaram mais de R$ 39 milhões em vantagens indevidas para empresa participante do certame, para Diretoria de Serviços e Partido dos Trabalhadores.

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Dos R$ 39 milhões de propinas no Cenpes, R$ 18 milhões teriam sido destinados à WTorre, R$ 4 milhões para os ex-funcionários da Petrobrás Renato Duque e Pedro Barusco e R$ 16 milhões para a Diretoria de Serviços da estatal petrolífera - desses R$ 16 milhões, R$ 8 milhões foram destinados ao PT e R$ 1 milhão para Paulo Ferreira - parte ele usou para pagamento de blogs, serviços de internet e para a escola de samba.

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