O ex-gerente da Petrobrás, Pedro Augusto Cortes Xavier, classificado de 'sério' e 'honrado' por seus advogados, admitiu, nesta quinta-feira, 17, ao juiz federal Sérgio Moro, ter recebido, em offshore, US$ 4,1 milhões não declarados no exterior do operador do PMDB, João Augusto Rezende Henriques. No entanto, ele negou, ao juiz Sérgio Moro, a ilicitude do negócio, informado ao Fisco somente em 2017, e afirmou que o dinheiro provém de 'consultoria'.
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Cortes Xavier foi preso em 26 de maio na Operação Poço Seco, fase 41 da Lava Jato, sob acusação de receber US$ 4,8 milhões em propinas na conta da offshore Sandfield, na Suíça, da qual supostamente era beneficiário. Em contrapartida, ele teria se utilizado de seu cargo para dar amparo técnico a um negócio envolvendo a venda de um campo seco de petróleo em Benin, na África, da empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH) para a Petrobrás, em 2011.
Segundo a denúncia, Cortes Xavier 'atuou em conjunto e por influência do operador João Augusto Rezende Henriques, que agia como verdadeiro representante do interesse dos agentes públicos corruptos na negociação com empresário português Idalécio Oliveira'.
O ex-gerente da Petrobrás admitiu que, em 2010, prestou uma consultoria a Henriques na África e que, no ano seguinte, para receber uma gratificação de R$ 700 mil, foi auxiliado pelo operador do PMDB a abrir uma conta na Suíça. "Para receber, eu tinha que abrir uma conta no mesmo banco que ele tinha, o BSI, na Suíça, ele me apresentou o gerente, que era o Davi Muino. Eu fui apresentado pelo gerente no Brasil".
"Eu não objetivei ser remunerado. Foi uma surpresa que eu fiquei de certa forma constrangido na época por ter recebido porque eu não considerava que era merecedor desse dinheiro haja vista que o nível de sérvio que tinha oprestado não era tão representativo", afirmou.
Em outra operação, ele diz ter auxiliado o operador do PMDB a desistir de um negócio junto ao empresário português Idalécio de Oliveira na área de exploração de petróleo.
ele tinha uma participação de um negocio junto a CBH com o senhor dalécio. uma participação do campo de benin. era uma participação frágil em termos legais, inclusive a nivel mundial. eu disse que ele não tinha nada na mão.
Segundo o ex-gerente, o conselho teria rendido a ele R$ 4 milhões. No mesmo depoimento, Xavier admitiu ter declarado os valores somente em 2017, negou ao juiz federal Sèrgio Moro informações sobre a quem teria repassado parte do que recebeu e alegou que o dinheiro é lícito.
Ele também disse não ter comunicado a Petrobrás sobre os negócios que fazia na área de petróleo alegando serem 'estes privados'.