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Gráficas de 'Chico Gordo', alvo da PF, disputaram uma mesma licitação

LWC e Forma Certa, do ex-deputado do PT Francisco Carlos de Souza, investigado na Operação Cifra Oculta que mira Haddad, participaram do certame para fornecimento de material escolar em 2010 no município de Várzea Paulista

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Por Luiz Vassallo
Atualização:
 Foto: Estadão

Duas gráficas ligadas a Francisco Carlos de Souza, o Chico Gordo, ex-deputado estadual do PT e alvo da Operação Cifra Oculta - desdobramento da Lava Jato -, competiram entre si em edital de licitação para o fornecimento de material escolar na cidade de Várzea Paulista, interior de São Paulo, em 2010. Na ocasião, o município era administrado pelo PT.

Os documentos do edital foram obtidos pelo Estado, por meio da Lei de Acesso à Informação. A LWC e Forma Certa - que também são praticamente vizinhas, no bairro do Belém, na capital paulista -, disputaram juntas a licitação de Várzea Paulista. Outra empresa habilitou-se para o certame. Ao fim do edital, a LWC saiu vencedora de 8 dos 12 lotes, e outra gráfica, sem ligação com o petista, levou os outros 4.

 

O contrato da Prefeitura de Várzea com a LWC era de R$ 1,2 milhão.

Em 5 dos 12 lotes da licitação, somente as gráficas ligadas a Chico Gordo fizeram propostas Foto: Reprodução

 Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira, 1, a Polícia Federal deflagrou a Operação Cifra Oculta, investigação que mira a campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo, em 2012.

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Com autorização da Justiça eleitoral, os federais fizeram buscas e apreensões nos endereços de um grupo de gráficas ligadas a Chico Gordo.

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Os investigadores suspeitam que por essas gráficas circularam repasses de R$ 2,6 milhões ilícitos destinados à campanha do petista. A base da Cifra Oculta é a delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, alvo da Lava Jato. Um executivo da empreiteira, Valmir Pinheiro, também colaborou. Ambos citaram o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto como tendo solicitado pagamentos às gráficas.

Chico Gordo é um personagem emblemático do PT, agremiação pela qual exerceu o mandato de deputado estadual entre os anos de 1987 e 1991.

Enquanto sindicalista, Gordo atuou pela categoria dos metalúrgicos e foi dirigente da CUT até 1989. Posteriormente à carreira no Legislativo, tornou-se um dos empresários mais requisitados pelo partido em São Paulo e pelos sindicatos ligados à legenda para imprimir materiais de campanha e de gabinete de parlamentares estaduais.

As empresas do sindicalista, acusadas pelo Ministério Público Federal de receber R$ 2,6 milhões de caixa dois da UTC Engenharia na Lava jato, prestaram serviços inclusive para as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff, em 2010 e em 2014.

Por meio da LWC Gráfica Editora, Chico Gordo recebeu R$ 2,3 milhões, em 2010, para a impressão de propaganda eleitoral de diversos candidatos - a maioria do PT, do PSOL e do PV. Outra gráfica ligada a ele, a Forma Certa, está em nome de parentes. Ela recebeu R$ 232 mil para os mesmos serviços.

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A Forma Certa, que também tem familiares de Francisco Carlos de Souza como sócios, segundo a Junta Comercial de São Paulo, administrou uma Loja Online de produtos do PT, em parceria com o diretório estadual do partido.

No registro de propriedade do site do empreendimento, um dos contatos dos sócios é de Chico Gordo. No anúncio oficial do empreendimento, ele é apresentado como 'sócio da iniciativa', destinada à venda de camisetas, bottons, entre outros artigos à militância da legenda.

COM A PALAVRA, CHICO

O empresário e ex-deputado estadual não foi localizado pela reportagem. O espaço está aberto para manifestação.

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