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Fux vira relator de investigação sobre R$ 800 mil da Odebrecht a Collor 'Roxinho'

Inquérito sobre o senador saiu das mãos do relator da Lava Jato, Edson Fachin, por não ter conexão com a operação, que mira desvios na Petrobrás

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

Fernando Collor de Mello. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, é o novo relator do inquérito para investigar suposto repasseda Odebrecht, no valor de R$ 800 mil, via caixa dois, em 2010, ao senador Fernando Collor (PTC-AL). As investigações foram tiradas das mãos do relator da Lava Jato na Corte, Edson Fachin, pela Ministra Cármen Lúcia por não terem relação direta com a operação, que apura desvios na Petrobrás e outras estatais. Neste caso, Collor foi delatado por executivos da Odebrecht Ambiental, que disseram pagar os valores ao senador em troca de apoio à privatização dos esgotos de Alagoas.

+ 'Quero, quero, gostei, preciso ganhar', disse Collor 'Roxinho', segundo delatores

 Foto: Estadão

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Roxinho. O ex-presidente Fernando Collor de Mello - 'roxinho' na lista da Odebrecht, em razão da célebre frase 'eu tenho aquilo roxo', proferida nos anos 90 - teria sido beneficiário de caixa dois da Odebrecht Ambiental em razão do lobby pela privatização do saneamento de Alagoas, segundo o ex-presidente da empresa de saneamento do Grupo. Os valores teriam sido operacionalizados entre os executivos e o primo do senador Euclydes Mello, de acordo com a delação da empreiteira.

A presidente do STF, Cármen Lúcia afirmou, em despacho, na quarta-feira, 3, que 'inexiste conexão ou continência entre os fatos narrados no presente Inquérito e aqueles relacionados à denominada "Operação Lava Jato"'.

Esgoto da Odebrecht. Em 2009, a maior construtora do país tinha em seus planos pleitear a concessão à iniciativa privada do sistema de saneamento do estado de Alagoas, de acordo com o ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis.

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"O investimento era chamado Sistema Adutor do Agreste, que tinha como objeto o abastecimento de água aos municípios de Arapiraca, Coité do Nóia, Igaci e Craíbas dos Nunes e a Mineração Vale Verde. Chegamos a participar de um processo público de Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) e apresentamos estudo de viabilidade em setembro de 2009. Em duas ou três visitas à Maceió, percebi que havia no estado uma enorme oportunidade para investimentos privados no setor de saneamento, que tem os piores índices de cobertura do Brasil, chegando até a estudar a privatização da Companhia Estadual Casal", afirmou o executivo Fernando Reis.

A fim de viabilizar o projeto, os representantes da empreiteira disseram se reunir com o ex-presidente no aniversário dele, em seu apartamento pessoal.

No encontro, estavam os executivos Alexandre Barradas e Fernando Reis, Euclydes Mello e Fernando Collor.

Após ouvir a proposta de privatização da Companhia Alagoana de Saneamento, Collor disse que era favorável à iniciativa privada e chegou a afirmar que queria que  a Odebrecht 'fizesse obras'. Na mesma reunião, ficou definido o repasse, via caixa dois.

Segundo o ex-executivo da Oderbrecht Alexandre Barradas, Collor foi "propositivo".

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"Quero que você faça as obras", teria dito. "E nós: 'senador, nós não fazemos obras. Nosso negócio é investimento, é gestão. Inclusive quem faz a obra não somos nós. Nós contratamos as obras'. E ele: 'Quero, quero, quero. Preciso ganhar'", relatou Barradas.

COM A PALAVRA, FERNANDO COLLOR

O Senador se pronunciou sobre a delação da Odebrecht no dia 12 de abril, quando seu teor foi revelado.

"Nego, de forma veemente, haver recebido da Odebrechtqualquer vantagem indevida não contabilizada na campanha eleitoral de 2010."

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