O corretor Lúcio Bolonha Funaro foi transferido nesta quarta-feira, 5, do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. A mudança foi solicitada pelo advogado Antonio Figueiredo Basto e visa a facilitar a produção dos anexos da delação premiada que Funaro está negociando com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os principais alvos do acordo são o presidente Michel Temer, os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, além do ex-deputado Eduardo Cunha, todos do PMDB. Outro alvo será o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral).
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Desde a revelação do acordo de colaboração dos executivos da JBS, na qual Funaro foi apontado pelo empresário Joesley Batista como operador financeiro do PMDB da Câmara, grupo político de Temer, o corretor voltou a negociar uma delação. Antes, havia interrompido as conversas com os investigadores por causa dos pagamentos que recebia do grupo J&F.
Nas últimas três semanas, enquanto participava das audiências do processo da Operação Sépsis, na Justiça Federal de Brasília, Funaro vinha escrevendo em um computador e um caderno espiral os resumos do que entregará no acordo de colaboração. Além de detalhar sua atuação para o PMDB da Câmara, o futuro delator promete explicar sua relação com o presidente.
Funaro pretende confirmar ter recebido valores de Joesley Batista para não fazer um acordo e complicar a vida de Temer e de seu grupo político. Seus depoimentos devem ser utilizados na denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prepara contra Temer pelo crime de obstrução de Justiça.
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Produção. Há duas semanas, após uma das audiência da Sépsis, Funaro chegou a se reunir por cerca de 30 minutos com o procurador Anselmo Cordeiro Lopes em uma sala reservada onde discutiu os principais temas que delatará. Anselmo é o procurador das operações Sépsis e Greenfield.
Já na semana passada, depois de mais uma audiência, o advogado Figueiredo Basto chegou ao prédio da Justiça e informou Funaro que a transferência para a carceragem seria autorizada.
Até então, Funaro escrevia tudo no seu caderno de brochura com a foto de sua filha na capa e, nas audiências, entregava a versão para um dos advogados da sua equipe de defesa. Na sessão seguinte, os defensores levavam o material já digitalizado. Tanto as versões a mão quanto as digitalizadas ficavam em envelopes pardos que passavam pelas mãos dos defensores e de Funaro.
Na segunda-feira, 3, Geddel Vieira Lima foi preso pela Polícia Federal na Operação Cui Bono, após uma decisão do juiz Vallisney. A prisão foi baseada nos depoimentos de Funaro e Joesley Batista. No pedido enviado à Justiça, a PF e o MPF sustentam que Geddel estaria agindo para atrapalhar as investigações e que o objetivo seria evitar que Cunha e Funaro firmassem o acordo de colaboração. Temer, Geddel e Henrique Alves negam envolvimento em irregularidades.