Após defender, em sua página de Facebook, no sábado, 7, as prisões de 'Temer, Alckmin, Aecio, etc', o delegado da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor) da Polícia Federal em São Paulo Milton Fornazari Júnior voltou a se manifestar nesta segunda-feira, 9, sobre sua 'indignação pessoal' acerca de 'políticos notoriamente investigados em Brasília'.
Diferentemente do que o Estado publicou, Fornazari não é o chefe da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo (Delecor). Ele exerceu a chefia da Delecor entre 26 de outubro de 2015 e 2 de novembro de 2016. Continua trabalhando na Delecor, na presidência de inquéritos sensíveis sobre corrupção e crimes financeiros.
+ PF desautoriza seu delegado que defende prisão para 'os outros líderes, Temer, Alckmin, Aécio, etc
A nova manifestação de Fornazari, por volta de 14h10 desta segunda , foi postada em meio ao impacto de sua primeira anotação, aquela de sábado, 7, pouco depois de o ex-presidente Lula ser preso e levado para Curitiba, terra da Lava Jato, para cumprir pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do famoso triplex do Guarujá.
"Agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc)", postou o delegado, então.
Nesta segunda, 9, a cúpula da PF publicou nota em que desautoriza Fornazari e anunciou 'medidas administrativo-disciplinares'. "O mencionado servidor não faz parte do corpo diretivo da PF em São Paulo e tampouco é porta voz desta instituição. A PF jamais se manifesta oficialmente por meio de perfis pessoais de seus servidores."
Na nota, a PF diz que 'reitera seu compromisso, como polícia republicana, de trabalhar de forma isenta, discreta e apartidária, nos estritos limites da lei".
Em seu novo post, na tarde desta segunda, 9, Fornazari escreveu. "Citei o caso transitado em julgado em segunda instância do ex-presidente Lula e os de outros políticos notoriamente investigados em Brasília, nas instâncias superiores, como os motivos de minha indignação pessoal."
O delegado disse que externou, no sábado, 'opinião exclusivamente pessoal como cidadão em relação à minha indignação com a corrupção na política brasileira em geral'.
Delegado experiente, Fornazari tem em seu currículo a investigação sobre o cartel do Metrô e as fraudes no sistema metroferroviário de São Paulo.
Também foi responsável pelo inquérito que apurou supostos desvios de recursos nas obras bilionárias do Rodoanel, em São Paulo, e é especialista em cooperação internacional para identificação de lavagem de dinheiro e ocultação de valores.
"Lula preso. Objetivamente recebeu bens, valores, favores e doações para seu partido indevidamente por empresas que se beneficiaram da corrupção em seu governo. Por isso merece a prisão", cravou Fornazari no post de sábado.
O delegado concluiu naquela manifestação que se as investigações futuras chegarem aos outros líderes que ele elencou 'teremos realmente evoluído muito como civilização'. "Se não acontecer e só Lula ficar preso, infelizmente, tudo poderá entrar para a história como uma perseguição política."
"Vamos todos manter a serenidade e sigamos em frente", finalizou o delegado, nesta segunda-feira, 9.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DA POLÍCIA FEDERAL
Em referência à reportagem publicada na página A10 do jornal O Estado de S. Paulo de 10/04, informamos que:
1) O delegado de Polícia Federal Milton Fornazari Jr. não é responsável pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo, tendo exercido a chefia da delegacia de 26/10/2015 a 02/11/2016.
2) O mencionado servidor não faz parte do corpo diretivo da PF em São Paulo e tampouco é porta voz desta instituição. 3) A PF jamais se manifesta oficialmente por meio de perfis pessoais de seus servidores.
4) As declarações proferidas são de cunho exclusivamente pessoal, e contrariam o normativo interno referente a manifestações em nome da instituição, razão pela qual serão tomadas as medidas administrativo-disciplinares em relação ao caso concreto.
5) A PF reitera seu compromisso, como polícia republicana, de trabalhar de forma isenta, discreta e apartidária, nos estritos limites da lei.
COM A PALAVRA, TEMER
A reportagem fez contato com a assessoria do presidente. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, ALCKMIN
A reportagem fez contato com a assessoria do ex-governador de São Paulo. O espaço está aberto para sua manifestação.
COM A PALAVRA, AÉCIO
A reportagem fez contato com a assessoria do senador tucano. O espaço está aberto para manifestação.