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Fomos convidados ao Jaburu, à noite, e nos recusamos, diz procurador da Lava Jato

Carlos Fernando dos Santos Lima revelou que força-tarefa de Curitiba foi chamada 'no dia da votação do impeachment'

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Por Julia Affonso e Marcelo Osakabe
Atualização:

Carlos Fernando dos Santos Lima. Foto: Pedro Filho/EFE

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou nesta segunda-feira, 14, em São Paulo, que a força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba foi convidada 'a comparecer no Palácio do Jaburu à noite' às vésperas da votação do impeachment. A ex-presidente Dilma Rousseff foi alvo de processo de impedimento no ano passado.

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O procurador afirmou que o emissário do convite foi Rodrigo Rocha Loures (PMDB).

"Tenho para mim que encontros fora da agenda não são ideais para nenhuma situação de um funcionário público. Nós mesmos às vésperas, no dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer no Palácio do Jaburu, à noite, e nos recusamos. Nós entendíamos que não tínhamos nada que falar com o eventual presidente do Brasil naquele momento", afirmou.

"Só houve um convite e nós recusamos."

O procurador da Lava Jato participa do Fórum de Compliance da Amcham, na sede da entidade, em São Paulo. O seminário tratou da da construção da cultura de integridade e anticorrupção no setor público e privado brasileiro.

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No dia 8 de agosto, o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu no Palácio do Jaburu, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em encontro marcado fora da agenda oficial. Raquel chegou por volta das 22 horas, em seu carro oficial.

+ Cinco dias depois de encontro com Temer, Raquel Dodge diz que motivos são 'institucionais'

Na ocasião, a assessoria do Planalto disse que Temer atendeu ao pedido de Raquel para conversar sobre a sua posse no cargo, que será realizada no dia 18 de setembro, um dia depois do encerramento do mandato do seu algoz, o atual procurador, Rodrigo Janot.

Segundo Carlos Fernando dos Santos Lima, 'todo funcionário público é responsável pelos atos que têm'.

"É claro que ela tem que se explicar, ela deu uma explicação, ela que deve, então, ser cobrada das consequências desse ato", disse o procurador da Lava Jato.

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"Infelizmente não há como fugir da responsabilização das pessoas perante a sociedade."

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Carlos Fernando afirmou ainda. "Eu não sou o corregedor do Ministério Público. Eu posso dizer por nós. Nós estivemos em uma situação semelhante e nos recusamos comparecer. Nós temos agora que avaliar as consequências dentro da política que o Ministério Público vai ter a partir da gestão dela."

Em meio a críticas recebidas antes mesmo de assumir o comando do Ministério Público Federal, a procuradora Raquel Dodge divulgou nota, na tarde de domingo, 13, para esclarecer o encontro polêmico fora da agenda do Planalto com o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu.

No comunicado oficial, só redigido cinco dias depois da visita ocorrida dia 8 - mesma data em que o presidente pediu ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato e do caso JBS no Supremo Tribunal Federal, a suspeição de Rodrigo Janot - , ela disse que a audiência constou de sua agenda pública e que teve por objetivo discutir a posse no cargo, prevista para o próximo dia 18. "Os fatos que motivaram a reunião são institucionais", afirmou no comunicado.

 

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