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Flávio Bolsonaro publica vídeo de suposto cadáver do capitão Adriano para sugerir tortura

Autenticidade do vídeo é desconhecida; 'Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros à queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões', postou o senador em seu Twitter, mas necrópsia descartou possibilidade de tortura

Por Paulo Roberto Netto e Bruno Nomura
Atualização:

O senador Flávio Bolsonaro publicou em seu perfil no Twitter vídeo do suposto cadáver do ex-capitão do BOPE Adriano Magalhães da Nóbrega, morto na semana passada em Esplanada, no interior da Bahia. A publicação insinua que o miliciano foi torturado antes de ser morto, versão descartada pela necrópsia oficial.

São 21 segundos de imagens sem áudio. O corpo é apresentado de costas com uma etiqueta em que é possível ler 'Adriano Magalhães'. Apesar de conter cenas fortes, o senador não avisa previamente sobre o conteúdo das imagens.

Trecho do vídeo, publicado por Flávio Bolsonaro nas redes sociais. Foto: Reprodução

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"Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", disse Flávio.

A reportagem entrou em contato com o Instituto Médico-Legal da Bahia e do Rio de Janeiro para confirmar a veracidade do vídeo. O IML carioca informou, por e-mail, que 'o vídeo não foi filmado no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro'. Por telefone, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia afirmou que não é possível confirmar, no momento, que o vídeo foi gravado no IML baiano ou que o corpo seja do capitão Adriano.

Adriano da Nóbrega foi localizado pelo Serviço de Inteligência da polícia baiana em um sítio no interior do Estado. A versão da corporação é que Nóbrega trocou tiros com agentes, foi baleado e socorrido em um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

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Capitão Adriano, líder de milícia que morreu na Bahia. Foto: Polícia Civil

Necrópsia divulgada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Salvador, aponta que o miliciano foi morto por dois tiros de fuzil, disparados a, no mínimo, um metro e meio de distância. "Eram dois disparos de arma de fogo", explicou Elson Jefferson Neves da Silva, diretor geral do DPT-BA.

"Teve um primeiro, que passou por baixo do peito, saiu rasgando o pescoço, e entrou na submandibular. Eu encontrei o projétil na região do pescoço. O segundo foi na região da clavícula. Esse aqui entrou e saiu nas escápulas. Essas foram as lesões provocadas por armas de fogo", afirmou.

A perícia menciona ainda "seis fraturas nas costelas", "dois pulmões destruídos" e o "coração dilacerado". Não há menção à coronhada ou à queimadura, e os tiros não teriam sido disparados à queima-roupa, como escreveu Flávio.Os ferimentos seriam compatíveis com o impacto no corpo causado por tiros de fuzil, em razão da alta energia cinética dos projéteis.

Rachadinha. Flávio Bolsonaro empregou a ex-esposa e a mãe de Adriano da Nóbrega em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, investigadas por participação em suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do 01.

Ao deflagrar operação contra endereços ligados a Queiroz e Flávio Bolsonaro em novembro do ano passado, o Ministério Público detalhou conversas entre Nóbrega e sua ex-esposa, Danielle, que era funcionária do gabinete do então deputado estadual na Alerj.

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Após reportagem do 'Estado' revelar movimentações atípicas de Queiroz, Danielle foi exonerada do cargo e cobrou explicações do miliciano em mensagens obtidas pela promotoria. Nelas, a ex-esposa de Adriano da Nóbrega afirma que ele também se beneficiava do suposto esquema de 'rachadinhas'.

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