PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Fiscal transferido para o Paraná em 2012 foi gênese da Carne Fraca

Servidor federal relatou à Polícia Federal ocorrência de cobrança de propinas por agentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e fraudes como uso de carne apodrecida por frigoríficos

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

 Foto: PF

A investigação da Polícia Federal que deu origem à Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, 17, que levou para cadeia executivos de grandes frigoríficos brasileiros, começou dois anos atrás com a comunicação feita pelo fiscal agropecuário federal Daniel Gouvêa Teixeira de possíveis irregularidades na Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Paraná, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

PUBLICIDADE

A Operação Carne Fraca busca combater corrupção de agentes públicos federais e crimes contra Saúde Pública. Executivos do frigorífico JBS, da BRF Brasil e outros foram alvos da operação - maior operação já deflagrada pela PF, com mais de 1 mil homens envolvidos. A Justiça mandou bloquear até R$ 1 bilhão dos investigados.

Na decisão que deflagrou a Carne Fraca, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curutiba, destacou que Teixeira relatou ter sido removido para a Superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná em outubro de 2012, a seu pedido. Pouco tempo depois aceitou convite feito pela servidora Maria do Rocio Nascimento para assumir a função de chefe substituto do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (SIPOA) no Estado do Paraná.

"Nessa condição, tomou conhecimento da ocorrência de diversas remoções de funcionários desamparadas de critérios técnicos e sem o consentimento dos interessados, realizadas mediante articulação com chefes das Unidades Técnicas/UTRA e no intuito de atender aos interesses de empresas fiscalizadas (evitar a efetiva e adequada fiscalização das atividades)", registra a ordem de prisão dos alvos da Carne Fraca.

Foram expedidos 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.

Publicidade

A Carne Fraca aponta Daniel Gonçalves, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016, como o 'líder da organização criminosa'.

A origem da apuração, que vem sendo feita há dois anos, foram as declarações de um servidor federal que declarou que, por ter denunciado sua superior, Maria Nascimento, ao Sindicato dos Fiscais Agropecuários (ANFFASINDICAL) por assédio moral, foi exonerado da função e removido para uma lotação 70 Km distantes de onde exercia suas funções.

Teixeira "declarou que ao retornar a exercer atribuições de fiscalização, em trabalho realizado em abatedouro de suínos de pequeno porte, chegou ao seu conhecimento a ocorrência de diversas irregularidades".

"Em síntese, tomou conhecimento da existência de esquema de corrupção envolvendo desde fiscais que exercem suas atividades em frigoríficos até as chefias de serviço do MAPA no Estado do Paraná", registrou o juiz Josegrei da Silva.

Entre as irregularidades, ele citou o "aproveitamento de animais mortos para produção de gêneros alimentícios em outra unidade, pagamento de propinas a fiscais federais agropecuários e agentes de inspeção em razão da comercialização de certificados sanitários, dentre outros".

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.