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EXCLUSIVO: 'Filósofo' Paulo Bernardo pediu 1% de contrato de R$ 323 mi da Trensurb

Segundo delatores Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Valter Luis Arruda Lana, da Odebrecht, ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e deputado Marco Maia (PT-RS), também pediram propina

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Por Breno Pires , de Brasília e e Julia Affonso
Atualização:

Paulo Bernardo. Foto: André Dusek/Estadão

O ex-ministro Paulo Bernardo (Governos Lula e Dilma/Planejamento e Comunicações) solicitou o pagamento de 1% de um contrato de R$ 323 milhões para a construção da linha 1 da Trensurb, segundo delataram os executivos Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Valter Luis Arruda Lana, da Odebrecht. O valor foi pedido, afirmaram os empreiteiros, enquanto Paulo Bernardo era ministro, para 'propiciar a inclusão da obra no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)'.

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Segundo o Ministério Público Federal, os delatores apontaram 'a ocorrência de solicitação de pagamento de vantagens indevidas associadas à execução de contrato administrativo que tinha como objeto a construção da linha 1 da Trensurb (ligação entre Novo Hamburgo/RS e São Leopoldo/RS)'.

"O valor do contrato correspondia a R$ 323.977.829,28, parâmetro das solicitações de pagamento, as quais teriam ocorrido em três oportunidades", narra o ministro Edson Fachin ao autorizar em 4 de abril a investigação sobre Paulo Bernardo, sobre o deputado federal Marco Aurélio Maia, sobre o ministro da Casa Civil Eliseu Lemos Padilha, sobre os ex-dirigentes da Trensurb Humberto Kasper e Marco Arildo Prates da Cunha.

"Na primeira delas, o Deputado Federal Marco Maia, ex-presidente da Trensurb, solicitou o pagamento de 0,55% do contrato em razão da ausência de entraves durante o exercício da presidência da companhia. O encontro, do qual teriam participado Marco Arildo e Humberto Kasper, ocorreu no restaurante do Hotel Intercity no município de Porto Alegre (RS). Na segunda, ocorrida entre o final do ano de 2008 e o início de 2009, o ministro de Estado Eliseu Padilha solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato, em decorrência de sua possível interferência no processo licitatório. Na terceira, o então Ministro de Estado Paulo Bernardo solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato para propiciar a inclusão da obra no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)."

Os delatores citaram o sistema 'Drousys', a rede de comunicação interna, uma espécie de intranet, dos funcionários do "departamento da propina" da Odebrecht. Segundo os executivos, 'todas as demandas foram atendidas, sendo os pagamentos implementados entre os anos de 2009 e 2010 por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, sendo os beneficiários identificados no sistema 'Drousys' como 'Bicuíra' (ministro Eliseu Padilha), "Aliado" (Deputado Federal Marco Maia), 'Sucessor' (Marco Arildo) 'Jornalista' (Humberto Kasper) e 'Filósofo' (Paulo Bernardo)'.

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