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Filha de ex-diretor da Petrobrás chora diante de Moro e diz que 'nada disso compensou'

Ariana Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa, acusada de corrupção e obstrução à Justiça, diz a magistrado da Lava Jato que seu pai voltaria atrás se pudesse

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Fausto Macedo , Ricardo Brandt e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Uma das filhas do engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás (Abastecimento) - réu e delator da Operação Lava Jato - chorou nesta sexta-feira, 13, diante do juiz federal Sérgio Moro.

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Ao final da audiência no processo em que ela própria é acusada por corrupção e obstrução da Justiça, Ariana Azevedo Costa Bachmann disse a Moro que gostaria de falar sobre seu pai. "Hoje de manhã eu acordei e escrevi umas coisas. Poderia falar?"

O juiz consentiu.

"Eu sei que o meu pai errou, ele errou bastante mas ele está pagando muito caro por tudo o que ele fez. Não só ele como toda a família", disse, inicialmente, Ariana.

Paulo Roberto Costa foi preso na Lava Jato em 2014. Em contas na Suíça ele recebeu pelo menos US$ 23 milhões de propinas de empreiteiras que fizeram parte do cartel instalado na Petrobrás. A força-tarefa da Polícia Federal e da Procuradoria da República sustentam que Paulo Roberto inaugurou o esquema a partir da Diretoria de Abastecimento, indicado pelo PP.

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Paulo Roberto Costa falou à Justiça Federal. Foto: Reprodução

No dia da prisão de Paulo Roberto, Ariana foi ao escritório da empresa do pai, a Costa Global. As câmeras de segurança mostraram Ariana pegando documentos e dinheiro. No interrogatório desta sexta, diante do juiz Moro, ela disse que por orientação do pai foi à empresa e de lá retirou R$ 50 mil em dinheiro vivo.

"Tenho certeza que se meu pai pudesse voltar atrás ele não teria cometido todos esses erros porque nada disso compensou. Sabe por que não? Porque tudo de bom que ele fez pela empresa, pela Petrobrás, tudo foi esquecido, foi jogado na lama."

As audiências na 13.ª Vara Federal de Curitiba, sob titularidade de Moro, são gravadas em áudio e vídeo. A pedido dos advogados de Ariana, porém, a câmera da sala de audiências não exibiu seu rosto. Ficou fixa para um ponto no teto.

Chorando, ela continuou seu relato sobre o pai. "Todos os anos trabalhados, todos os projetos concluídos, todos os prêmios recebidos pela boa gestão, tudo isso foi apagado e só os atos ilícitos serão lembrados."

"Eu como filha queria deixar claro que o orgulho e admiração que eu sentia pelo meu pai antes de tudo isso acontecer é o mesmo que eu sinto hoje, independente dos erros cometidos. Porque para mim ele é um ser humano maravilhoso, sempre ajudou as pessoas, os animais. Sempre tratou as pessoas de igual para igual, independente do cargo."

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"Isso tudo me orgulha muito. Além disso ele é um profissional extremamente competente, com uma inteligência elevada, sempre foi muito apaixonado pelo trabalho e muitas vezes deixava de estar com a família para priorizar a empresa. Eu sei que isso tudo que eu falei não vai fazer diferença alguma para a minha defesa. Mas eu precisava fazer esse desabafo como filha de um homem que errou, mas se arrependeu dos erros e está pagando por isso. Obrigada."

Sérgio Moro encerrou a audiência.

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