Por Fábio Fabrini, Andreza Matais e Talita Fernandes
BRASÍLIA - Os mandados de busca em dez endereços da Odebrecht que estão sendo cumpridos nesta sexta-feira, 14, pela Operação Fair-Play, da Polícia Federal, tiveram como foco apreender planilhas de custo e contratos envolvendo a construção não apenas da Arena Pernambuco, mas também de outras três obras em estádios construídos ou reformados pela empreiteira: Itaquerão, Maracanã e Fonte Nova.
O alvo da operação, contudo, é a Arena Pernambuco. A PF explicou que foi buscar os custos das demais obras para fazer uma comparação de preços. Entretanto, se forem identificadas irregularidades também nos outros estádios, as investigações devem ser ampliadas.
+ Para Odebrecht, ação da PF na Operação Fair Play é 'injustificável'
Um dos maiores incentivadores do Itaquerão foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é corintiano. Já fora do cargo, ele esteve presente na assinatura do contrato entre o Corinthians e a construtora Odebrecht em setembro de 2011. "Nós, graças da Deus, arrumamos um grupo de empresários que assinou um contrato agora e finalmente, além de ter o estádio, ele também receberá a abertura da Copa do Mundo de 2014", disse Lula à época do contrato.
Com relação a Arena Pernambuco, há suspeitas, segundo os investigadores, de que uma organização criminosa foi montada para corromper agentes públicos com vistas a favorecer a construtora na licitação internacional para o empreendimento e viabilizar financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os serviços foram pactuados com a empreiteira na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto num acidente aéreo em agosto do ano passado. O custo final da arena seria de cerca de R$ 700 milhões.
A construtora Odebrecht classificou as ações da Operação Fair-Play como "injustificáveis". Por meio de nota, a empresa reconheceu que sua sede no Rio de Janeiro, e os escritórios de São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Brasília são alvo de buscas e apreensões. Por meio de nota, a Odebrecht disse que "tem convicção da plena regularidade e legalidade do referido projeto. A CNO (Construtora Norberto Odebrecht) reafirma, a bem da transparência, que sempre esteve, assim como seus executivos, à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e apresentar documentos sempre que necessário".
A empreiteira também é alvo da investigação Lava Jato. O presidente, Marcelo Odebrecht, esta preso em Curitiba preventivamente acusado de participar de esquema de cartel para ganhar obras na Petrobrás. A empresa também nega envolvimento nesse caso.