O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o desmembramento do inquérito contra o senador e líder do PMDB no Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e o envio de parte da investigação que não envolve políticos ao juiz Sérgio Moro, responsável pela operação em Curitiba.
Esta investigação apura a suposta participação da empreiteira Serveng no esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Mesmo sem ser apontada como uma das empresas que teria atuado no cartel que fraudou licitações na estatal, a companhia foi citada por delatores e é investigada por suspeita de pagar propinas a políticos por meio de doações eleitorais.
Agora, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba vai poder se aprofundar ainda mais sobre o envolvimento da empresa com o esquema.
Apesar de desmembrar parte da investigação, na decisão o ministro Fachin manteve perante o STF a investigação contra um diretor da Serveng, por entender que as acusações contra ele estão diretamente ligadas às acusações a Renan e a seu aliado, o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE), apontado pela Lava Jato como o 'porta-voz' do ex-presidente do Senado.
Em troca dos valores supostamente recebidos, Renan e Aníbal teriam oferecido apoio político ao então diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que mantinha a Serveng em licitações da estatal. Na denúncia apresentada no ano passado ao STF, o procurador-geral da República Rodrigo Janot aponta que os contratos da empreiteira com a estatal cresceram 380% depois que ela fez a primeira doação ao PMDB, em 2010.
A investigação aponta duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil, em 2010, operacionalizadas pelo diretor comercial da Serveng, também denunciado ao STF, e que foram destinadas à campanha de Renan Calheiros em 2010.
Para a Polícia Federal, há suspeitas de que doações da empreiteira para outros políticos também tenha sido feita nos moldes do que ocorreu com Renan, ligadas ao esquema de corrupção na Petrobrás.