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'Extrapolou', diz presidente dos Correios sobre retiradas da União

Guilherme Campos Júnior afirma que transferências de recursos da empresa para o Tesouro, reveladas em relatório da Controladoria, ‘foi muito danoso’

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Por Julia Affonso
Atualização:

Guilherme Campos Junior. FOTO AGENCIA CAMARA Foto: Estadão

O Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) revelou em relatório divulgado nesta sexta-feira, 15, que entre 2011 e 2013, houve uma 'elevada' transferência de recursos da empresa para a União. No período, foram repassados, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, um total de R$ 2,97 bilhões.

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Em entrevista ao Estadão, o presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, afirma que 'este recurso está fazendo falta'.

"Extrapolou, tiraram do caixa para fazer resultado primário. Foi muito danoso para a empresa e está sendo quase vital", aponta.

O documento da CGU analisou a evolução econômico-financeira da empresa entre 2011 e 2016. O relatório indica 'prejuízos crescentes' nos Correios.

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Guilherme Campos Júnior tem 53 anos e é natural de Campinas. Foi deputado federal por dois mandatos (2007/2011 e 2011/2015), vice-prefeito de Campinas (2005/2007) e secretário municipal de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo (2005/2006).

LEIA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DOS CORREIOS

ESTADÃO: A CGU aponta prejuízos crescentes nos Correios. Como o sr analisa esta situação?

GUILHERME CAMPOS JÚNIOR, PRESIDENTE DOS CORREIOS: A empresa está passando por um período muito difícil em todos esses anos. Com a queda da atividade postal e necessidade de mudanças estruturais. Os prejuízos foram crescentes com R$ 2,1 bilhões em 2015 e R$ 1,5 bilhão em 2016. Estamos fazendo o enfrentamento com corte de custos, fazendo toda a lição de casa para recuperar a empresa. A política dá uma prioridade à encomenda, como a primeira grande alternativa à queda na atividade postal, tem mostrado que nós estamos batendo recordes e recordes, do final de novembro até hoje, no tratamento e na distribuição de encomenda. Houve ainda um PDI (Plano de Desligamento Incentivado) no fim do ano, com mais de seis mil desligamentos, uma economia anualizada de R$ 840 milhões.

ESTADÃO: A que se deve essa queda da atividade postal?

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GUILHERME CAMPOS JÚNIOR: Ao que acontece aqui e no mundo. Toda essa revolução da comunicação, da era digital, impactou a atividade postal no Brasil e no mundo. A diferença que aqui no Brasil demorou-se muito tempo para tomar as medidas de enfrentamento e buscar alternativas a essa queda da atividade postal.

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ESTADÃO: O que os Correios têm feito para enfrentar este momento?

GUILHERME CAMPOS JÚNIOR: Nós entramos nos Correios no segundo semestre do ano passado. Desde então, nós começamos primeiro cortando custos. Segundo, contratando uma empresa de consultoria para nos ajudar neste processo de reajustamento da empresa, que participou do processo de transformação de empresas postais, as principais do mundo. Nós não podemos nos dar ao luxo de errar a transformação. Fizemos uma mudança na estrutura que entrou em prática em julho deste ano. A empresa saiu de uma modelagem de unidade de negócios para uma empresa funcional. A gente deu uma otimizada na empresa como um todo, uma enxugada de funções, de cargos, foram cortadas mais de 400 posições de gerência pelo Brasil inteiro. Uma redefinição de política comercial para encomenda, focando os principais corredores de negócios que ao longo desse segundo semestre desse ano mostraram uma assertividade dessa mudança. Todos nossos centros de tratamento bufando com muita mercadoria. O enfrentamento cara a cara com os representantes dos trabalhadores, 36 sindicatos, duas federações e 11 associações, colocando que os benefícios pagos no passado no mundo de hoje são impensáveis. O exemplo mais representativo é o plano de saúde, que custa para a empresa mais ou menos 10% do seu faturamento. O plano de saúde é para os 108 mil funcionários da ativa, 32 mil aposentados, filhos cônjuges e pais.

ESTADÃO: A CGU cita uma transferência elevada de recursos para a União nos exercícios de 2011, 2012 e 2013, nos quais foram repassados, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, um total de R$ 2,97 bilhões.

GUILHERME CAMPOS JÚNIOR: De 2007 a 2013, até passando um pouquinho mais do que foi no relatório, a União, que é o nosso patrão, retirou do caixa dos Correios, a título de dividendos e antecipação de dividendos, mais de R$ 6 bilhões.

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ESTADÃO: Os Correios têm obrigação de repassar valores à União a título de dividendos e juros sobre capital próprio?

GUILHERME CAMPOS JÚNIOR: Tem obrigação legal de até 25%. Ali houve uma... extrapolou, tiraram do caixa para fazer resultado primário. Foi muito danoso para a empresa e está sendo quase vital. Esse recurso está fazendo falta.

ESTADÃO: Seria possível os Correios ficarem com esse valor para melhorar as finanças?

GUILHERME CAMPOS JÚNIOR: É uma questão de governo, não posso opinar sobre isso. Foi uma questão de governo à época.

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