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Executivo revela atuação de operador do PMDB na Andrade Gutierrez

Paulo Dalmazzo, engenheiro preso pela Lava Jato, declarou à Polícia Federal que Fernando Baiano 'mantinha relações com a empreiteira'

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Por Redação
Atualização:

Paulo Roberto Dalmazzo. Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters - 19/06/2015

Atualizada às 16h41

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Por Julia Affonso e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba

O engenheiro Paulo Dalmazzo, ex-funcionário da Andrade Gutierrez e preso pela Operação Lava Jato, afirmou à Polícia Federal na segunda-feira, 29, que o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe foi apresentado como sendo uma pessoa que já mantinha relações com a empreiteira, 'antes de seu ingresso na empresa'. Segundo Dalmazzo, o lobista se dizia representante da empresa espanhola Acciona.

Fernando Baiano é apontado pelos investigadores da Lava Jato como operador de propinas do PMDB no esquema de corrupção instalado na Petrobrás. Ele também está preso e já é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. O esquema de pagamento de propinas a agentes públicos e políticos, entre 2004 e 2014, foi desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.

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"Fernando teria apresentado projetos na área de coqueamento junto a Arábia Saudita, iniciativa que não foi concretizada 'porque o projeto não andou', não recordando de outro projeto que o mesmo tenha apresentado", disse Dalmazzo.

O engenheiro afirmou que Fernando Baiano foi apresentado a ele por Elton Negrão, executivo da Andrade Gutierrez preso pela Erga Omnes, a nova etapa da Lava Jato que mirou também a Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi detido.

A transcrição do depoimento de Dalmazzo. "Que, Fernando foi apresentado a sua pessoa por Elton Negrão, tratando com este e com o declarante quanto a assuntos pertinentes a área de Óleo e Gás (industrial), não sabendo se o mesmo tratava com outros executivos acerca de outras áreas de atuação da Andrade Gutierrez."

De acordo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, a Andrade Gutierrez pagou propinas para o PMDB. O delator afirma que os valores foram "cobrados e geridos" por Fernando Baiano, a partir de 2008 ou 2009. Baiano teria substituído o doleiro Alberto Youssef no esquema.

Dalmazzo não soube dizer se Fernando Baiano prestou algum serviço de consultoria ou assessoria, 'podendo afirmar que, na época em que o declarante esteve na empresa. isso não ocorreu na sua área'.

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Em depoimento à PF em 19 de maio, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, admitiu à força-tarefa da Lava Jato ter sido procurado por Fernando Baiano, para que a empreiteira fizesse doações de campanha ao PMDB. Azevedo também foi preso em 19 de junho.

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"Que Fernando Baiano, em uma oportunidade, abordou o declarante, solicitando doação oficial de campanha, possivelmente para o PMDB, o que foi prontamente rechaçado, haja vista que já existia um critério pré estabelecido de doação para o diretório nacional sem a existência de intermediários", afirmou o executivo.

Otávio Marques de Azevedo declarou que manteve "relação institucional" com pelo menos seis políticos do PMDB, incluindo o vice-presidente da República Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ). "Que conheceu e teve relação institucional com os seguintes políticos do PMDB: Michel Temer, Eliseu Padilha (ministro da Aviação Civil), Eduardo Cunha, Eduardo Paes (prefeito do Rio), Sergio Cabral (ex-governador do Rio e alvo de inquérito na Lava Jato), Aloisio Vasconcelos, dentre outros".

COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

"Causou grande estranheza e perplexidade a matéria publicada hoje no blog do Estadão trazendo como novidade o fato do ex-executivo da AG, Paulo Dalmazzo, ter confirmado algum tipo de relação entre o Sr. Fernando Soares e a Andrade Gutierrez. Essa informação já foi amplamente divulgada pela própria empresa há cerca de oito meses, quando esta confirmou que o Sr. Fernando Soares esteve na AG representando grupos internacionais de infraestrutura e propondo parcerias em projetos. Tais parcerias chegaram a ser estudadas, mas nenhuma delas seguiu em frente, como também já foi divulgado e confirmado no depoimento prestado à PF de Brasília pelo executivo Otávio Azevedo. A apresentação, como novidade, de um fato já amplamente divulgado apenas favorece a quem quer tumultuar a questão nesse momento. A Andrade Gutierrez reitera, mais uma vez, que nunca participou de formação de cartel ou fraude em licitações, assim como nunca fez qualquer tipo de pagamento indevido nem participou de esquemas ilícitos de favorecimento a políticos. Como vem fazendo desde o início da Operação Lava Jato, a Andrade Gutierrez reafirma que não tem ou teve envolvimento com os fatos hoje investigados e vem mais uma vez repudiar as acusações feitas à empresa".

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