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Ex-Engevix revela conta de propinas a Dirceu e Lula na Espanha

Juiz federal Sérgio Moro tirou, nesta sexta-feira, 01, sigilo sobre depoimento de Gerson Almada, ex-vice-presidente da empreiteira, que resolveu colaborar com as investigações; ele entregou comprovantes de pagamentos supostamente em benefício do ex-ministro, mas negou ter provas contra o ex-presidente

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Por Luiz Vassallo , Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Da esquerda para a direita: José Dirceu e Lula. 18 de maio de 2005. FOTO DIGITAL: ED FERREIRA/AE 

O ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada afirmou à Polícia Federal saber de uma suposta conta em Madri, na Espanha, administrada pelo lobista Milton Pascowitch, abastecida por propinas de contratos da Petrobrás, supostamente em benefício do ex-presidente Lula (PT) e do ex-ministro José Dirceu (PT). Ele ainda afirmou ter feito contratos dissimulados com o fim de pagar supostas vantagens indevidas a Dirceu. O depoimento, de junho, teve o sigilo levantado nesta sexta-feira, 01, pelo juiz federal Sérgio Moro.

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Gerson Almada falou nos autos da denúncia do Ministério Público Federal sobre propinas de R$ 2,4 milhões das empreiteiras Engevix e UTC para o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil - Governo Lula). O petista teria recebido os valores durante e depois do julgamento do Mensalão - ação penal em que o petista foi condenado.

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A acusação da força-tarefa da Lava Jato foi ajuizada em 2 de maio e ainda não foi recebida por Moro. Gerson Almada pediu para falar antes de o magistrado decidir se coloca ou não os investigados no banco dos réus. Além do executivo e de Dirceu, são acusados Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão do ex-ministro; João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT; e Walmir Pinheiro Santana, ex-executivo da UTC.

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O executivo da Engevix compareceu à Polícia Federal espontaneamente no dia 4 de julho deste ano com o fim de colaborar com as investigações. O depoimento dele estava em sigilo até esta sexta-feira, 01, quando o juiz federal Sérgio Moro o retirou.

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Almada confessou que firmou contratos dissimulados com a empresa de comunicação Entrelinhas com o fim de pagar propinas ao ex-ministro José Dirceu.

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Ele afirma que 'o objeto dos contratos, anexados aos autos, 'nunca foi prestado à Engevix e que, mediante o fornecimento das notas fiscais pela Entrelinhas, a empreiteira pagou de 2011 a 2012, o valor de R$ 900 mil.

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Almada ainda disse que mantinha uma 'conta corrente' com o lobista Pascowitch desde 2005 para pagar propinas a agentes públicos, políticos e partidos, dentre os quais, especificamente, José Dirceu.

De acordo com o ex-vice-presidente da Engevix, o próprio lobista sugeriu que os pagamentos fossem feitos a Dirceu.

Gérson Almada ainda fez questão de 'constar' em seu depoimento que 'é muito dificil uma empresa estrangeira ingressar no mercado de petróleo brasileiro como fornecedora e por conta disso buscaram pessoas com ligações políticas para facilitar o seu ingresso e que a decisão na época em adquirir o equipamento se deu para reforçar os laços com José Dirceu, objetivando o favorecimento da Engevix nos contratos com a Petrobrás'.

Almada afirma que 'no início de 2014'  Milton Pascovitch teria dito que 'iria viajar para Paris e dali, para não deixar rastro, viajaria de trem para Madri/Espanha para 'olhar a conta' que ele administrava para 'pessoas do PT'.

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De acordo com o executivo, ele entendeu que as 'pessoas' seriam Lula e Dirceu porque o lobista mantinha contato intenso desde 2008 com o ex-ministro.

Em relação a Lula, 'entendeu naquele sentido porque quando da assinatura do contrato entre a Ecovix - Engevix Construções Oceânicas S. A. e a PNBV Petrobrás Netherland B.V. Milton Pascowitch justificou comissão pedida no sentido de que parte seria destinada para a aposentadoria do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva'.

Segundo o executivo, 'a Ecovix firmou contrato com a PNBV no ano de 2009 ou 2010 para o fornecimento de 8 cascos replicantes para FPSO - Floating Production Storage and Offloading no valor de R$ 3,5 bilhões de dólares, cujo valor de comissão em favor de Milton Pascowitch seria de 0,5%; que o declarante não detém elementos de informação e provas de que parte dessa comissão de 0,5% teria sido destinada ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva'.

Ele afirma não ter provas sobre a conta administrada por Pascowitch em suposto benefício dos petistas, mas entregou documentos às autoridades sobre o suposto pagamento de US$ 10 milhões para o lobista, nos Estados Unidos, em 2014.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN MARTINS, QUE DEFENDE LULA

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"Essa é mais uma peça de ficção que integra o sistema de delações premiadas a "la carte" que vem se tornando uma marca da Operação Lava Jato. Para obter benefícios, réus confessos precisam se referir a pessoas pré-estabelecidas pelos integrantes da operação, em especial, o ex-Presidente Lula.

Lula jamais recebeu qualquer valor indevido da Engevix ou de qualquer outra empresa e empresário. O próprio depoente reconheceu que não tem qualquer prova contra o ex-Presidente, deixando evidente que a referência ao seu nome foi artificialmente construída para que a sua delação fosse aceita é mantida.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROBERTO PODVAL, QUE DEFENDE DIRCEU

Vou ter acesso ao depoimento ainda, mas, se for verdade, a colaboração de Milton Pascowitch deve ser revista.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO THÉO DIAS, QUE DEFENDE PASCOWITCH

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Nenhum sentido . Em seu próprio depoimento, Almada afirma não ter prova do que diz.

COM A PALAVRA, ENTRELINHAS

A reportagem está tentando contato com a Entrelinhas. O espaço está aberto para manifestação.

 

 

 

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