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EXCLUSIVO: Acusado de liderar o esquema alvo da Lava Jato, PT tem 21 nomes na Lista de Fachin

Governador do Acre, Tião Viana, três ex-ministro de Lula e Dilma, 4 senadores e 13 deputados e ex-deputados são investigados pela PGR, após Supremo autorizar abertura de inquéritos com base nas revelações dos 78 delatores da Odebrecht

Por Breno Pires , de Brasília e e Ricardo Brandt
Atualização:
 

Acusado de ser o partido líder do núcleo político do esquema de corrupção e cartel na Petrobrás, o PT tem 21 nomes incluídos na Lista de Fachin, que teve o sigilo baixado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nela, estão o governador do Acre, Tião Viana, três ex-ministros dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, quatro senadores e 13 deputados e ex-deputados.

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São 83 inquéritos abertos por decisão do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, no STF, com base na mega delação premiada dos 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht. O acordo foi fechado em dezembro com a Procuradoria Geral da República (PGR), que iniciou as investigações sobre os fatos narrados pelos delatores, detalhando valores de propinas pagos aos políticos, quais eram seus codinomes do sistema de comunicação criptografado usado pela Odebrecht - o sistema Drousys e MyWebDay - no Setor de Operações Estruturadas e os interesses do grupo.

São revelações de pagamentos em dinheiro vivo e para campanhas, ou para o partido, feitos pelo Setor de Operações Estruturadas, que é chamado pela Lava Jato de "departamento da propina". Em duas delações, os executivos da área - Hilberto Mascarenhas, Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares - confessaram que todo valor que era pago por eles era dinheiro não contabilizado.

O conteúdo das revelações confirma as investigações da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, que desde 2014 aponta a existência de um mega esquema de cartel, entre as maiores empreiteiras do País - Odebrecht, OAS, Andrade de Gutierrez, Camargo Corrêa, entre outras - e partidos base de sustentação dos governos Lula e Dilma, em especial PT, PMDB e PP, para arrecadar propinas em contratos da Petrobrás. O dinheiro - mais de R$ 42 bilhões - teria sido usado para financiar as legendas e suas campanhas entre 2004 e 2014.

No Senado, estão na mira da Lava Jato os senadores Humberto Costa (PT-PE), Jorge Viana (PT-AC), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Paulo Rocha (PT-PA). Deputados com mandato investigados são: Marco Maia (PT-RS), Carlos Zaratini (PT-SP), Décio Lima (PT-SC), Nelson Pelegrini (PT-BA), Maria do Rosário (PT-RS), Vander Loubet (PT-MS), Vicente Paula da Silva, o Vicentinho (PT-SP), Vicente Cândido (PT-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Zeca do PT (PT-MS) e Zeca Dirceu (PT-PR).

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Segundo os delatores, os ex-ministro Antonio Palocci e Guido Mantega foram os principais interlocutores da Odebrecht com as propinas e o caixa 2 pagos ao PT e suas campanhas eleitorais. Os dois estão identificados nas planilhas do grupo como "Italiano" e "Pós-Itália".

Governador. O governador do Acre, Tião Viana (PT), e seu irmão, o senador Jorge Viana (PT-AC), são alvos de um dos inquéritos da Lista de Fachin. Os dois receberam R$ 2 milhões para a campanha de 2010, ao governo do Estado, segundo os delatores da Odebrecht. Desse total, R$ 1,5 milhão foi pago via caixa-2.

O registro consta na planilha do Setor de Operações Estruturadas na conta corrente "Italiano" - que seria uma referência ao ex-ministro Antonio Palocci, que tratava dos valores para campanha presidencial do PT - como valores a serem pagos ao "Menino da Floresta".

"Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam a ocorrência de pagamento de vantagem, a pedido do Senador da República Jorge Viana, no contexto de campanha eleitoral de seu irmão, Tião Viana, ao governo do Acre, no ano de 2010"', informa a decisão, que abriu o inquérito 4393/DF, da Lista de Fachin.

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Os delatores Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do grupo, e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, afirmaram em seus termos que "foram repassados R$ 2.000.000,00, sendo R$ 500.000,00 de modo oficial".

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"Tais valores teriam sido decotados da cota global do Partido dos Trabalhadores (PT) - intitulada 'planilha italiano' -, sendo que o pagamento teria contado com a anuência de Antônio Palocci, tudo sendo efetuado pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, inclusive com a utilização de offshores, identificando-se no sistema 'Drousys' o destinatário com o apelido 'menino da floresta'."

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal já havia associada o codinome "Menino da Floresta" aos irmãos Viana, nas investigações da Lava Jato em Curitiba. O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Presidente do PT. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), principal candidato à presidência do PT, também é alvo de um inquérito da Lista de Fachin. A apuração investiga repasse de R$ 4,5 milhões em propinas para as campanhas de 2008 e 2010 doO petista, segundo afirmaram dois delatores da Odebrecht, é identificado nas planilhas do Setor de Operações Estruturadas como "Lindinho" e "Feio".

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"Segundo o Ministério Público, relatam os colaboradores o pagamento de vantagens indevidas não contabilizadas no âmbito da campanha eleitoral dos anos de 2008 e 2010, nos valores respectivos de R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões, que tinham como motivação o potencial de projeção do parlamentar", informou o ministro Edson Fachin.

PAC. Num dos inquéritos abertos pela Procuradoria Geral da República (PGR), após autorização do STF, contra o deputado federal Marco Maia (PT-RS), contra o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicação) e contra o atual ministro Eliseu Padilha (PMDB), os delatores afirmaram que foram cobrados para que uma obra do grupo, a construção da linha 1 da Trensurb, no Rio Grande do Sul - ligação entre Novo Hamburgo e São Leopoldo - fosse incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), bandeira dos governos do PT.

"Narram os colaboradores a ocorrência de solicitação de pagamento de vantagens indevidas associadas à execução de contrato administrativo que tinha como objeto a construção da linha 1 da Trensurb (ligação entre Novo Hamburgo/RS e São Leopoldo/RS). O valor do contrato correspondia a R$ 323.977.829,28, parâmetro das solicitações de pagamento, as quais teriam ocorrido em 3 oportunidades", informa o inquérito 4.434/DF, aberto no dia 4, por ordem de Fachin.

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"Na terceira, o então ministro de Estado Paulo Bernardo solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato para propiciar a inclusão da obra no PAC. Todas as demandas foram atendidas, sendo os pagamentos implementados entre os anos de 2009 e 2010 por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht."

Nas planilhas de propina da Odebrecht, Paulo Bernardo era o "Filósofo", Padilha, o "Bicuíra", e Maia, o "Aliado".

Itaquerão. Três delatores da Odebrecht afirmaram à Lava Jato que pagaram R$ 50 mil de propinas para o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), relator da comissão especial da reforma política na Câmara, para obter apoio em financiamento da obra do estádio do Corinthians.

"Consoante relato do Ministério Público, narra um dos colaboradores que, no ano de 2010, a pretexto de auxílio à campanha eleitoral para o cargo de deputado federal, Vicente Cândido da Silva solicitou e recebeu vantagem indevida, consistente em R$ 50 mil", registra autorização do ministro Edson Fachin, para abertura do inquérito 4448.

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"Valor repassado pelo grupo Odebrecht que teria interesse no apoio do parlamentar na busca de solução para o financiamento do Estádio do Corinthians."

 

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