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Ex-ministro Márcio Thomaz Bastos morre aos 79 anos

Advogado atuou em causas de repercussão nacional e também virou referência política

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Por Redação
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Atualizado às 23h17

Por Fausto Macedo e Ricardo Galhardo

 

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O advogado Márcio Thomaz Bastos morreu nesta quinta-feira, 20, de manhã, aos 79 anos, em São Paulo. Em nota, o Hospital Sírio-Libanês informou que Bastos foi vítima de complicações pulmonares. Ex-ministro da Justiça (2003 a 2007) no governo Lula, de quem foi amigo e conselheiro, Thomaz Bastos estava internado desde o dia 13. O velório foi realizado na Assembleia de São Paulo e o corpo será cremado nesta sexta feira, 21.

MTB, como os amigos o chamavam, vai ser cremado de beca nesta sexta feira, 21. Ele chamava a peça de "beca da sorte" desde que a vestiu no célebre julgamento dos assassinos do líder ambientalista Chico Mendes - executado a tiros em dezembro de 1988 -, no qual atuou como assistente de acusação. Os familiares atenderam a um pedido do próprio Thomaz Bastos. O advogado dizia que, quando morresse, queria ser velado com a túnica preta que o acompanhou por mais de duas décadas.

Passou os últimos dias em uma cama do hospital respirando com enorme dificuldade e usando máscara de oxigênio. Em suas 48 horas derradeiras, não conseguia se comunicar.

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Dali, o criminalista de tantos embates nos tribunais não mais retornou ao seu reduto, um ambiente espaçoso e aconchegante na Avenida Brigadeiro Faria Lima, onde cumpria rotina que tanto apreciava - a de articulador político e a de mentor de estratégias jurídicas para os grandes litígios forenses, como o fez no mensalão.

Políticos comparecem ao velório do advogado. Foto: Jf Diorio/Estadão

Seguiu nessa toada até quando a saúde lhe permitiu. Às vésperas da internação, com aparência fragilizada, ainda mantinha à risca seus compromissos e o hábito de caminhar até a Rua Amauri, no Itaim-Bibi, para almoçar.

No domingo, 9, tomou um avião para Miami, onde permaneceu na segunda feira e na terça dedicando-se a uma causa. Voltou na quarta, 12. "Ele morreu brigando, se recusava a parar", disse o criminalista Luiz Fernando Pacheco. Quando Lula o convidou para o Ministério da Justiça, ele disse a seus pares. "Estou saindo da advocacia, mas sempre vou ser advogado."

Contendas sensíveis nunca faltaram ao distinto orador. Mas um desafio, em especial, o vinha incomodando: a Lava Jato, operação da Polícia Federal que levou para a prisão os principais executivos das maiores empreiteiras do País, inclusive da Camargo Corrêa, que o constituiu para a defesa.

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Passou semanas a fio, desde que a PF direcionou a investigação para as construtoras, buscando solução a seu modo. Primeiro, distribuiu para escritórios de suas relações a missão de defender outras empreiteiras. Alertado sobre o grau de comprometimento dos executivos com o esquema na Petrobrás, o ex-ministro se pôs a estudar uma alternativa.

Uma delas era um acordão com o Ministério Público Federal, por meio do qual as empresas encurraladas aceitariam recolher fortuna aos cofres públicos a título de indenização por danos ao Tesouro.

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Mas a estratégia não prosperou. "Ainda nada", respondeu o ex-ministro após o 2.º turno das eleições presidenciais, quando consultado sobre o pacto das construtoras. Foi com essa preocupação que o ex-ministro deu entrada no hospital, na semana passada. Debilitado, foi orientado até a manter o celular desligado.

Mal a quinta-feira nasceu e o velho doutor das grandes causas partiu. Deixou Maria Leonor de Castro Bastos, Nô, a mulher, e Marcela, a filha. Dois netos, Rafaela e Diogo. Às 15 horas, o corpo chegou ao Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa de São Paulo, no Ibirapuera, onde foi velado.

"Eu perdi um dos meus melhores amigos, a advocacia perdeu um dos melhores advogados de todos os tempos. E o Brasil perdeu uma de suas melhores cabeças", declarou o advogado Celso Vilardi. "Estamos órfãos", lamentou o criminalista Roberto Podval que mandou entregar um bilhete para MTB no hospital: "A advocacia precisa de você".

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