PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Ex-engenheiro da Petrobrás devolveu propina por 'peso na consciência', diz delator

Segundo relato de Rogério Araújo, executivo ligado à Odebrecht, Maurício Guedes 'se arrependeu' de ter recebido valores indevidos em contrato da estatal com empreiteira para construção de uma planta industrial em 2008

Por Bernardo Gonzaga
Atualização:

Edifício da Petrobrás, no Rio. Foto: André Dusek/Estadão

O ex-engenheiro da Petrobrás Maurício Guedes se arrependeu de ter recebido propina num contrato entre a estatal e a Odebrecht, firmado em 2008, para a construção de uma planta industrial para a produção de ácido tereftálico purificado na cidade de Ipojuca (PE). Ele devolveu o dinheiro para um funcionário da empreiteira e agradeceu à pessoa que havia feito o pagamento por compreender o peso na consciência pelo qual passava.

PUBLICIDADE

"O Maurício chegou a abrir uma conta no Société Générale, aí numa das reuniões de rotina ele me disse que estava muito arrependido e que não queria que fizesse ligação dele com propina", contou o delator Rogério Santos de Araújo. "Ele se arrependeu depois que o dinheiro começou a cair na conta dele. Ele até agradeceu porque andava muito angustiado e foi um arrependimento de consciência, eu tenho impressão."

Araújo explicou que o dinheiro destinado a Guedes 'ainda se encontra parado na conta aberta pelo representante de banco David Arazzi'. O combinado, disse ele, era que ninguém mexesse nos recursos, que poderiam ser usados em outros pagamentos de propina.

O delator afirmou ao Ministério Público Federal que buscava conversar com funcionários da Petrobrás em almoços ou em ambientes mais reservados e oferecia propinas para, em contrapartida, buscar aditivos ao contrato para tentar melhorar o 'resultado' da obra.

Segundo o delator, o pagamento de propinas se estendeu por mais seis anos após a assinatura do contrato.

Publicidade

A reportagem não localizou Maurício Guedes nesta quinta-feira, 27. O espaço está aberto para sua manifestação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.