A defesa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa desistiu do depoimento do candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB). Desistiu também do depoimento do ex-ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional). Os dois haviam sido arrolados como testemunhas.
O criminalista Nélio Machado, que defende Costa, esclareceu que tomou a medida para não prejudicar os compromissos de campanha de Campos e de Bezerra.
Em petição protocolada na Justiça Federal, Nélio Machado ponderou sobre sua preocupação em evitar algum contratempo para os candidatos, mas anotou que em outro momento vai juntar aos autos declarações de Campos e do ex-ministro.
Paulo Roberto Costa foi preso pela Operação Lava Jato, deflagrada em 17 de março para desarticular um grande esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobrás.
O ex-diretor já é réu em duas ações criminais, uma delas sobre ocultação de valores supostamente desviado das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Estado que foi governado pelo presidenciável.
A Polícia Federal aponta superfaturamento na refinaria. Orçada em R$ 2,5 bilhões a obra já bateu na casa dos R$ 20 bilhões. A PF liga o doleiro Alberto Youssef ao empreendimento sob suspeita. Segundo os investigadores, o doleiro é parceiro de Costa.
Há duas semanas, quando autorizou os depoimentos, do candidato à Presidência e do ex-ministro, o juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, advertiu sobre o risco da demora na localização das testemunhas, que teriam que ser ouvidas por carta precatória.
O juiz destacou que os esclarecimentos pretendidos pela defesa ("os motivos que implicaram no aumento substancial do valor da obra da Refinaria Abreu e Lima") poderiam ser obtidos de outra forma, "com testemunha de mais fácil inquirição ou com requisição de informações e documentos à Petrobrás".
Quando Eduardo Campos foi arrolado pela defesa do ex-diretor da Petrobrás, a assessoria do candidato presidencial declarou. "Acreditamos que quem está mais capacitado para falar da atuação de Paulo Roberto Costa na Petrobrás são as pessoas que o nomearam e o mantiveram no cargo."
Em março passado, Campos disse que conhece o ex-diretor da Petrobrás.