Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Ex-diretor da Dersa 'coordenava a trama criminosa', afirma Procuradoria

Paulo Vieira de Souza, emblemático aliado do PSDB em São Paulo, foi denunciado à Justiça Federal por peculato, inserção de dados falsos em documento e formação de quadrilha

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Por Julia Affonso e Fabio Serapião
Atualização:

Ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza. Foto: ROBSON FERNANDJES/ESTADÃO

A força-tarefa da Operação Lava Jato, em São Paulo, afirma que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, emblemático aliado do PSDB, 'coordenava uma trama criminosa'. O ex-dirigente e mais quatro investigados são acusados de desviar, entre 2009 e 2011, um total de R$ 7,7 milhões (valores da época) em recursos e imóveis destinados ao reassentamento de desalojados por grandes obras viárias realizadas pela estatal paulista na região metropolitana de São Paulo - o trecho sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê.

PUBLICIDADE

"Paulo Vieira coordenava a trama criminosa, com a inserção de familiares e pessoas próximas a ex-funcionária da Dersa e a ele próprio no Programa de Reassentamento Involuntário de Famílias do Rodoanel Sul, Jacu Pêssego e Nova Marginal Tietê", acusa a Procuradoria, em denúncia formal levada à 5.ª Vara Criminal Federal da Justiça Federal em São Paulo.

Segundo a denúncia, o ex-diretor de Engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, comandava o esquema, que envolvia também dois ex-ocupantes de cargo em comissão na empresa, José Geraldo Casas Vilella, então chefe do departamento de assentamento da Dersa, e uma funcionária do setor na época dos fatos.

Também é acusada de integrar o esquema uma irmã desta funcionária, e a psicanalista Tatiana Arana Souza Cremonini, filha de Vieira de Souza.

Publicidade

A denúncia relata em detalhes os três eventos criminosos envolvendo os cinco acusados e contou com provas obtidas por auditoria realizada pela própria Dersa. Como parte dos recursos desviados eram federais, o Ministério Público do Estado de São Paulo, onde o caso começou a ser investigado, encaminhou o procedimento ao Ministério Público Federal, que continuou com a investigação e colheu mais provas.

Os cinco são acusados pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação. Paulo, Geraldo e a funcionária participaram dos três eventos denunciados. A irmã da funcionária da Dersa e Tatiana participaram de um evento cada uma.

"Quase 1800 pessoas foram inseridas indevidamente nos programas de reassentamento das três grandes obras pela quadrilha liderada por Paulo Vieira de Souza", diz a força-tarefa. "Algumas dessas pessoas receberam indevidamente auxílios, indenizações ou apartamentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), empresa parceira da Dersa nos reassentamentos."

COM A PALAVRA, A DEFESA DE PAULO VIEIRA DE SOUZA

O criminalista Daniel Bialski, defensor de Paulo Vieira de Souza, rechaçou com veemência a denúncia da Procuradoria da República. "A denúncia nada mais é do que uma repetição de outra denúncia que tinha sido feita pelo Ministério Público de São Paulo e que a Justiça Estadual acabou por declinar da competência", disse Bialski.

Publicidade

"O Ministério Público estadual fez uma denúncia contra o Paulo e o juiz estadual entendeu que a competência para o caso era da Justiça Federal", segue o advogado.

Bialski assinalou que o Ministério Público Federal mandou o caso para a Polícia Federal 'complementar as diligências'.

"Essa complementação trouxe elementos ainda mais fortes de que o Paulo não favoreceu ninguém. Nem o Paulo e nem a família dele cometeram ilícito nenhum. Muito pelo contrário."

O criminalista destacou que auditoria interna da Dersa 'inocentou Paulo Vieira de Souza de qualquer tipo de irregularidade'.

Sobre a imputação de três crimes ao ex-diretor da Dersa - peculato, inserção de dados falsos em documentos e formação de quadrilha -, o defensor é categórico. "É preciso ressaltar que o Paulo nega todas as acusações. A auditoria da Dersa indica uma ex-funcionária e parentes dela como envolvidos na prática de atos ilícitos e improbidade."

Publicidade

Segundo Daniel Bialski, 'essa ex-funcionária para tentar se eximir de responsabilidade, tinha que falar o nome de alguém e falou do Paulo para tentar usar isso como fogo de encontro'.

COM A PALAVRA, A DERSA

A DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S/A e o Governo do Estado de São Paulo são os grandes interessados quanto ao andamento das investigações. A Companhia esclarece ainda que em 2011 organizou seu Departamento de Auditoria Interna, instituiu um Código de Conduta Ética, cuja adesão é obrigatória para todos os funcionários e contratados, e também abriu canais para o recebimento de denúncias que garantem o completo anonimato da fonte. Parte relevante das informações que embasam a denúncia do Ministério Público foi obtida internamente como fruto deste trabalho. A Empresa reforça seu compromisso com a transparência e permanece à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das apurações.

COM A PALAVRA, JOSÉ GERALDO CASAS VILELA

A defesa de José Geraldo Casas Vilela, representada por Fernando Araneo, sócio do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados observa que seu cliente "não tinha poder para autorizar pagamentos e que, nem ele nem qualquer familiar ou amigo, foram contemplados com apartamento no CDHU ou indenizações. Em auditoria interna na própria DERSA, não lhe foi imputada nenhuma conduta irregular" explica Araneo.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.