Na decisão de 43 páginas em que manda prender o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, o juiz federal Marcelo Bretas afirma que o patrimônio do executivo é 'exponencial' e também 'incompatível'. A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, apontou que Nuzman, nos últimos 10 dos 22 anos à frente do Comitê, ampliou seu patrimônio em 457%.
+ "Existia um esquema de ganha-ganha nessa organização criminosa"
+ Nuzman encomendou dossiê sobre opositor a ex-secretário da Saúde de Cabral
+ Lava Jato chega ao ouro de Nuzman
Documento
BRETAS MANDA PRENDERO presidente do COB e seu braço direito Leonardo Gryner foram presos nesta quinta-feira, 5, na segunda fase da Operação Unfair Play, que investiga a compra de votos para eleger o Rio como cidade olímpica. Nuzman havia sido alvo da primeira fase da operação em setembro, quando teve sua casa vasculhada pela PF.
Ao mandar prender Nuzman e Gryner, o juiz classificou como 'exponencial' o crescimento do patrimônio do presidente do Comitê.
"Carlos Nuzman apresentou patrimônio incompatível com os seus rendimentos, tendo ainda apresentando DIRPF (Declaração do Imposto aobre a Renda da Pessoa Física) retificadora após a deflagração da denominada Operação Unfair Play, que realizou buscas e apreensões em sua residência, em aparente atividade de ocultar tais bens (dentre os quais 16 quilos de ouro) adquiridos e, até então, mantidos ilicitamente, deles retirando a pecha de ilegalidade, uma vez que descobertos", observou o magistrado.
"No ano de 2014, o patrimônio de Carlos Nuzman dobrou, sendo que a maior parte dos valores obtidos são decorrentes de ações de companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas."
O Ministério Público Federal apontou ao juiz uma planilha apreendida na primeira fase da Unfair Play, na casa de Nuzman. Segundo a força-tarefa, a tabela indica que o presidente do Comitê 'efetua a maioria do pagamento de suas despesas com dinheiro em espécie'.
"A ocultação de patrimônio e os pagamentos feitos em espécie são indícios claros de lavagem de capitais obtidos ilicitamente por meio da atuação junto à organização criminosa, envolvendo contratações com Comitê Olímpico do Brasil e/ou o CORio 2016 e agentes públicos e privados no esquema ganha-ganha", anotou a Procuradoria da República, do Rio.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO NELIO MACHADO, QUE DEFENDE CARLOS ARTHUR NUZMAN
Segundo o advogado Nélio Machado, do escritório Nélio Machado Advogados, que defende o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) 'há um habeas corpus já impetrado que não foi julgado lamentavelmente'. O defensor afirmou que irá se inteirar dos fatos e fará um pronunciamento em seguida.
"Vou ver quais são os fundamentos dessa medida dura e que não é usual, pelo menos dentro dos padrões do devido processo legal".
COM A PALAVRA, O ADVOGADO RODRIGO ROCA, QUE DEFENDE CABRAL
O advogado Rodrigo Roca, que integra a defesa do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), criticou a acusação de que seu cliente teria comprado votos para o Rio ser escolhido sede da Olimpíada: "É uma sandice alguém imaginar que o ex-governador teria condições de negociar a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, por se tratar de algo fora do seu alcance e materialmente impossível de se concretizar. O Rio sagrou-se vencedor com 40 votos de diferença e está foi única razão de ter sediado os Jogos Olímpicos", afirmou.
COM A PALAVRA, REI ARTHUR
O Estado não conseguiu localizar a defesa de Arthur Menezes, conhecido como Rei Arthur.