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Evolução do patrimônio de Nuzman é 'exponencial', diz juiz da Lava Jato/Rio

Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal, destaca que, em 2014, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro dobrou ativos, 'a maior parte dos valores obtidos decorrentes de ações de companhia nas Ilhas Virgens Britânicas'

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Por Julia Affonso
Atualização:

 Foto: Reprodução/Ministério Público Federal

Na decisão de 43 páginas em que manda prender o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, o juiz federal Marcelo Bretas afirma que o patrimônio do executivo é 'exponencial' e também 'incompatível'. A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, apontou que Nuzman, nos últimos 10 dos 22 anos à frente do Comitê, ampliou seu patrimônio em 457%.

"Existia um esquema de ganha-ganha nessa organização criminosa"

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Lava Jato chega ao ouro de Nuzman

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O presidente do COB e seu braço direito Leonardo Gryner foram presos nesta quinta-feira, 5, na segunda fase da Operação Unfair Play, que investiga a compra de votos para eleger o Rio como cidade olímpica. Nuzman havia sido alvo da primeira fase da operação em setembro, quando teve sua casa vasculhada pela PF.

Carlos Nuzman. Foto: Mauro Pimentel/AFP

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Ao mandar prender Nuzman e Gryner, o juiz classificou como 'exponencial' o crescimento do patrimônio do presidente do Comitê.

"Carlos Nuzman apresentou patrimônio incompatível com os seus rendimentos, tendo ainda apresentando DIRPF (Declaração do Imposto aobre a Renda da Pessoa Física) retificadora após a deflagração da denominada Operação Unfair Play, que realizou buscas e apreensões em sua residência, em aparente atividade de ocultar tais bens (dentre os quais 16 quilos de ouro) adquiridos e, até então, mantidos ilicitamente, deles retirando a pecha de ilegalidade, uma vez que descobertos", observou o magistrado.

"No ano de 2014, o patrimônio de Carlos Nuzman dobrou, sendo que a maior parte dos valores obtidos são decorrentes de ações de companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas."

O Ministério Público Federal apontou ao juiz uma planilha apreendida na primeira fase da Unfair Play, na casa de Nuzman. Segundo a força-tarefa, a tabela indica que o presidente do Comitê 'efetua a maioria do pagamento de suas despesas com dinheiro em espécie'.

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"A ocultação de patrimônio e os pagamentos feitos em espécie são indícios claros de lavagem de capitais obtidos ilicitamente por meio da atuação junto à organização criminosa, envolvendo contratações com Comitê Olímpico do Brasil e/ou o CORio 2016 e agentes públicos e privados no esquema ganha-ganha", anotou a Procuradoria da República, do Rio.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO NELIO MACHADO, QUE DEFENDE CARLOS ARTHUR NUZMAN

Segundo o advogado Nélio Machado, do escritório Nélio Machado Advogados, que defende o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) 'há um habeas corpus já impetrado que não foi julgado lamentavelmente'. O defensor afirmou que irá se inteirar dos fatos e fará um pronunciamento em seguida.

"Vou ver quais são os fundamentos dessa medida dura e que não é usual, pelo menos dentro dos padrões do devido processo legal".

COM A PALAVRA, O ADVOGADO RODRIGO ROCA, QUE DEFENDE CABRAL

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O advogado Rodrigo Roca, que integra a defesa do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), criticou a acusação de que seu cliente teria comprado votos para o Rio ser escolhido sede da Olimpíada: "É uma sandice alguém imaginar que o ex-governador teria condições de negociar a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, por se tratar de algo fora do seu alcance e materialmente impossível de se concretizar. O Rio sagrou-se vencedor com 40 votos de diferença e está foi única razão de ter sediado os Jogos Olímpicos", afirmou.

COM A PALAVRA, REI ARTHUR

O Estado não conseguiu localizar a defesa de Arthur Menezes, conhecido como Rei Arthur.

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