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Esquema de Cabral envolvia também concessionárias de carros, diz PF

Nova etapa da Calicute identifica que revendedoras de veículos teriam sido utilizadas para lavar ao menos R$ 10 milhões em propinas destinadas ao grupo do peemedebista

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Foto do author Fausto Macedo
Por Mateus Coutinho , Fabio Serapião e Fausto Macedo
Atualização:

Sérgio Cabral chega ao IML em Curitiba, em 10 de dezembro. Foto: Rodrigo Felix/Gazeta do Povo

A Operação Mascate, nova fase da Calicute, que levou à prisão o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), revelou que o esquema do peemedebista também envolveria concessionárias de veículos no Estado. Segundo a Polícia Federal, o operador Ary Ferreira da Costa Filho, conhecido como 'Arizinho' e alvo de um mandado de prisão preventiva, utilizava concessionárias de sua família para lavar dinheiro de propina.

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Ary é servidor da Secretaria de Estado da Fazenda do Rio, era cedido à Secretaria da Casa Civil e foi exonerado em 6 de dezembro de 2016. Na manhã desta quinta-feira, 2, a Polícia Federal foi à residência dele, na Barra, mas não o localizaram. Ele foi detido pela Polícia Rodoviária Federal à tarde na Rodovia Dutra, na região de Nova Iguaçu.

As investigações apontam que teriam sido lavados ao menos R$ 10 milhões por meio de diversos contratos de fachada e compras de imóveis ao longo de oito anos. Desta quantia, R$ 8 milhões teriam sido destinados ao ex-governador, segundo investigadores.

Uma parte dos valores, inclusive, teria sido utilizado na compra de 7 imóveis registrados em nome de uma empresa imobiliária do próprio Ary.

Com isso, as investigações da Polícia Federal e da Procuradoria da República no Rio avançam sobre mais um pedaço do "oceano" patrimonial acumulado por Cabral ao longo de sua vida pública. Deflagrada há uma semana, a Operação Eficiência identificou que o peemedebista teria recebido ao menos US$ 78 milhões em contas mantidas pelos doleiros Renato e Marcelo Chaber no exterior.

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Os dois decidiram colaborar com as investigações e revelaram como funcionava o estruturado esquema financeiro do peemedebista, que teria lavado ao menos US$ 100 milhões em propinas cobradas de grandes empreiteiros que mantinham contratos com a gestão Cabral durante seus dois mandatos como governador do Rio, de 2007 a 2014.

Ao menos nove acusados de atuarem como operadores financeiros do esquema de Cabral, entre doleiros e responsáveis por cobrar e transportar os pagamentos ilícitos, já foram presos pela PF no Rio desde que a Operação Calicute foi deflagrada em 17 de novembro de 2016.

Atualmente o governador, sua mulher e outros membros de seu grupo respondem a ações penais da Lava Jato em Curitiba, por terem supostamente se beneficiado de propinas em obras do Complexo Petroquímico da Petrobrás (Comperj) e também da Calicute no Rio, que identificou suspeitas de pagamentos ilícitos envolvendo outras obras da gestão Cabral, como a reforma do Maracanã.

 

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