Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo
Os governadores Tião Viana (PT), do Acre, e Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio, novos alvos da Procuradoria-Geral da República, foram citados pelos delatores da Operação Lava Jato. Viana teria recebido R$ 300 mil para sua campanha eleitoral em 2010. Pezão teria participado de reunião, no primeiro semestre de 2010, com o então governador do Rio, Sérgio Cabral, em que este teria solicitado 'ajuda' para a campanha da reeleição.
Empreiteiras do cartel que atuou na estatal entre 2003 e 2014 teriam repassado R$ 30 milhões para a campanha do peemebista no Rio. O valor para Tião Viana foi contabilizado na conta do PP, agremiação que detinha o controle dos negócios da Diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera durante a gestão do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Costa, o primeiro delator da Lava Jato, afirmou que se a 'contribuição' não fosse feita para a campanha do petista ele poderia perder o cargo. Neste caso, segundo o delator, seria nomeado "outro diretor fiel ao Partido dos Trabalhadores".
A parte que teria sido destinada a Tião Viana saiu da cota de 1 % do PP, partido que bancou a nomeação de Costa para a Abastecimento. Segundo ele, o controle sobre outros 2% destinados a "finalidades políticas" ficava a cargo de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás.
Em um de seus depoimentos, o termo de declarações número 3, Paulo Roberto Costa citou o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), como beneficiário de um montante de R$ 30 milhões, também na campanha de 2010. O valor teria sido desviado de uma obra do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio).
O delator diz que conheceu Cabral durante o primeiro governo do peemedebista, "por volta de 2007, numa reunião no gabinete dele". Costa afirma que no primeiro semestre de 2010 "foi chamado diretamente" por Cabral para uma reunião em que também estava presente o então vice governador Luiz Fernando Pezão.
O atual governador do Rio também teria pedido contribuição do esquema de propinas na Petrobrás.Segundo o delator, naquela reunião de 2010, Cabral pediu "ajuda" para a campanha de sua reeleição.
Quando seu nome foi citado pela primeira vez no escândalo de corrupção na Petrobrás, o governador do Acre rechaçou a suspeita. Tião Viana afirmou que jamais teve envolvimento com o esquema na estatal. Pezão e Cabral negam o recebimento de "vantagens indevidas".