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Lula 'não gostou' e desistiu de terreno para Instituto, revela empresário

Demerval de Souza, dono da construtora DAG, disse ao juiz Sérgio Moro, em audiência na quarta-feira, 6, que chegou a comprar área em São Paulo onde seria construída a sede da entidade

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Por Luiz Vassallo , Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Demerval Souza. Foto: Reprodução

O empresário Demerval de Souza, dono da construtora DAG, confirmou que comprou o terreno em São Paulo para a construção da sede do Instituto Lula, em acordo com a Odebrecht. O empreiteiro revelou ao juiz federal Sérgio Moro pagamentos ao advogado do ex-presidente, Roberto Teixeira, e diz ter recebido, de forma lícita, R$ 7,2 milhões da Odebrecht após o ex-presidente Lula 'não ter gostado do local e desistido da transação'.

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O depoimento do empresário ocorreu nesta quarta-feira, 6, na Justiça Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato.

O empresário tentou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, mas um dos procuradores na audiência esclareceu que as tratativas foram interrompidas porque ele não atende a requisitos de um colaborador.

Demerval é réu acusado de usar sua empresa para intermediar a compra, pela Odebrecht, de terreno onde seria sediado o Instituto Lula, que, segundo o Ministério Público Federal, teria sido custeado com recursos ilícitos oriundos de contratos da Petrobrás.

O empresário alegou a Moro ter sido procurado pelo delator Paulo Mello, da Odebrecht, que propôs a compra do terreno, sem mencionar que seria destinado a Instituto. "Ele disse que não via com bons olhos a Odebrecht ser identificada como compradora do terreno".

"Poucos dias depois, encontro com Marcelo. Temos um almoço de dois amigos, e no meio da conversas Marcelo pergunta se Paulo Melo havia comentado da compra do terreno para construção do Instituto Lula", afirmou.

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Demerval disse ter sido informado por Marcelo Odebrecht que poderia, depois de adquirir o terreno e construir a sede do Instituto, alugar ou vender o imóvel para a entidade, porque um 'pool de empresas' faria doações ao IL.

Ele alegou ter sido combinado que, em face da demora que teria para obter tal retorno, combinou um adiantamento de R$ 8 milhões da Odebrecht em outro contrato no qual teria sido subcontratado pela empreiteira, no âmbito do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos.

O empresário ainda contou ter sido solicitado a fazer uma limpeza do local para uma visita do ex-presidente Lula.

"Fui surpreendido, em junho de 2011. O (João Alberto) Louveira me chama: 'Olha Demerval aconteceu uma coisa inesperada'. Eu percebi que ele estava tão surpreso quanto eu fiquei.

Louveira é um dos 77 delatores da Odebrecht. Ele teria dito, segundo Demerval: 'Houve a visita, o presidente chegou lá e não gostou do terreno'.

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"E aí eu disse: Espere aí Louveira! Eu gastei dinheiro, deram a garantia, como não? Houve desgaste com Louveira e Paulo. Eu disse: Paulo, o dinheiro que eu coloquei aqui era um dinheiro meu que eu lucraria no Prosub.

Demerval ainda reclamou de pagamentos que alega ter feito ao advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira: "Eu paguei ao Roberto Teixeira mesmo não tendo advogado pra mim. Ele era advogado de todo mundo, menos meu, mas eu paguei. Saiu da conta corrente da minha empresa para a dele. Da mesma forma que o contrato do Glaucos saiu de minha conta da minha empresa para a do Glaucos".

Glaucos mencionado por Demerval é Glaucos da Costamarques, que é réu nesta ação por supostamente ter emprestado seu nome para a aquisição do terreno do Instituto Lula e de apartamento vizinho ao do ex-presidente em São Bernardo do Campo.

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"O ex-Presidente Lula esteve uma única vez no terreno juntamente com a diretoria do Instituto Lula para avaliar o interesse da entidade na compra ou locação do imóvel. Mas de pronto foi descartado o interesse no imóvel. O Instituto Lula é associação sem fins lucrativos e jamais teve a posse ou a propriedade desse imóvel".

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