A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira mais uma fase da Operação Zelotes. O alvo é a empresa siderúrgica Gerdau, investigada por suposta compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de grandes contribuintes a multas aplicadas pela Receita Federal. A PF cumpre 20 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é liberada no mesmo dia após prestar depoimento, e 18 de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal. O empresário André Gerdau, presidente da empresa, é alvo de mandado de condução coercitiva. A família informou que ele irá comparecer voluntariamente para depor. Mais cedo, a PF havia confirmado que o dono o grupo, Jorge Gerdau, seria conduzido a depor, mas corrigiu a informação. Ele não esta entre os alvos.
Entre os alvos estão, ainda, um outro executivo da Gerdau, que não teve o nome revelado e o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, além de duas sócias dele na empresa. Ele esta atualmente preso e será ouvido nesta tarde na superintendência da PF em Brasília. Prestará depoimento, ainda, o lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, outro preso em fase anterior da Zelotes, que também é investigado nessa etapa.
A delegada da PF, Fernand Costa, afirmou que os mandados de condução coercitiva e busca e apreensão foram deferidos porque há indícios de que o grupo continua praticando crime, no entanto, ela não explicou quais seriam alegando sigilo na informação.
A Gerdau, que possui operações industriais em 14 países, teria tentado anular débitos que chegam a R$ 1,5 bilhão, segundo a PF, por meio de contratos com escritórios de advocacia e de consultoria, os quais agiram de maneira ilícita manipulando o andamento do processo.
A Zelotes foi deflagrada em março de 2015 para desarticular esquema de compra de decisões no Carf por grandes empresas. No curso das investigações, a força-tarefa do Ministério Público Federal, Receita Federal e Polícia Federal descobriu que os mesmos operadores, muitos eram conselheiros do órgão, também atuaram em suposto esquema de compra de medidas provisórias editadas nos governos dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o que ampliou as investigações e levou a prisão dos lobistas em outubro do ano passado.
Por causa das prisões, a investigação sobre a suposta compra de MPs avançou mais rapidamente e o MPF já apresentou denúncia. O caso esta em fase de oitiva de testemunhas na Justiça Federal do DF. Há ainda outros dois desdobramentos da Zelotes em curso. Um deles, apura pagamento à LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Claudio Lula da Silva, filho mais novo do ex-presidente Lula, pela Marcondes e Mautoni, por uma das consultorias acusadas de envolvimento na compra de decisões no Carf e de normas.Ele recebeu R$ 2,5 milhões da empresa, segundo a PF, para copiar e colar informações da internet. Luís Claudio diz que fez consultoria de marketing esportivo. Outra investigação é sobre suposto lobby da Marcondes para a compra de caças pelo governo Dilma.