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Emílio confessa que pediu a Lula ajuda para Odebrecht em negócio na Venezuela

Patriarca da delação revelou que grupo se sentiu prejudicado por Itamaraty e por 'pessoas de dentro do Planalto', em licitação de usina hidrelétrica de Hugo Chávez, que tinha Andrade Gutierrez como concorrente

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Luiz Vassallo
Atualização:

Lula e o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morto em 2013 / Foto: Ed Ferreira/AE

O empresário Emílio Odebrecht, patriarca da delação premiada, confessou que pediu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele intervisse com o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, morto em 2013, em defesa do grupo, que estava ameaçado pela Andrade Gutierrez, em obra da usina hidrelétrica de Tocoma.

O Termo 24 do delator Emílio Odebrecht trata sobre anotação que havia sido apreendida com o presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015. A anotação registrava: "Lula vs Ven e comentário AG";

 

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"Esta nota se refere ao pedido que Marcelo me fez de falar com o ex-presidente Lula sobre a interferência que algumas pessoas ligadas ao governo do Brasil estavam fazendo junto ao governo da Venezuela em favor da Andrade Gutierrez", registra o anexo 24, da delação de Emílio.

"Acredito que as empresas devem conquistar contratos e espaço em outros países em função das suas competências técnicas e negociais", afirma o delator. "Porém, acredito, da mesma forma, que o governo de origem não deve privilegiar uma determinada empresas em detrimento de outra (s). Era o que aparentemente estava acontecendo no caso."

No anexo entregue à Procuradoria Geral da República (PGR), que antece o depoimento filmado, em que ele elenca temas que pode revelar, Emílio disse que não se recordava se tratou do assunto com Lula, "mas muito provavelmente" o fez.

 

 

Ao ser interrogado pelos procuradores, o delator confirma que falou com Lula sobre o tema.

"Cheguei a ter a oportunidade, a pedido de Marcelo, de conversar com ele próprio Lula, de que isso não podia estar acontecendo."

"No fundo foi uma reclamação de que o governo dele estava, em detrimento de outra,s estava privilegiando uma em uma negócio, em uma licitação, houve na área da siderúrgica e na de uma hidrelétrica."

O procurador da República quis saber se ele foi mesmo falar com Lula e qual foi sua responsta

"Falei." O delator afirmou que o ex-presidente Lula "ouviu". "E disse 'você tem toda razão e vou verificar o que está acontecendo'. Ele procurou minimizar, achando que não era."

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Emílio afirmou que teria dito a Lula que não levava a ele "coisas que eu não tenho confirmado".

Segundo ele, era "o Itamaraty" que estaria apoiando a Andrade Gutierrez. "Não só o Itamaraty como pessoas de dentro do Planalto". O delator afirmou não ter descoberto quem no governo.

O delator disse que a Odebrecht acabou vencendo uma das obras.

 

 

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