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Joesley faz três depoimentos à PF e à Procuradoria e ainda tem de explicar seguranças armados

Empresário falou a investigadores das operações Bullish e Greenfield; depois, foi ouvido pela corregedoria do Ministério Público sobre a suposta corrupção do procurador Ângelo Goulart

Por Fabio Serapião
Atualização:

Joesley Batista. Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) começava nesta quarta-feira, 21, o julgamento da validade da homologação da sua delação e dos executivos de sua empresa, Joesley Batista prestava depoimentos na Polícia Federal e no Ministério Público. A primeira oitiva, na PF, teve início de manhã e se estendeu até por volta das 17 horas. O empresário falou para os investigadores das operações Bullish e Greenfield.

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No segundo depoimento, o acionista do grupo J&F foi ouvido pela corregedoria do Ministério Público sobre a suposta corrupção do procurador Ângelo Goulart, preso na Operação Patmos. O empresário ainda teve de explicar à PF a utilização de policiais civis paulistas armados em sua segurança particular.

Na PF, Joesley cumpriu o mandado de condução coercitiva expedido pela Operação Bullish, em maio, mas que não havia sido cumprido porque ele se encontrava no exterior. A Bullish investiga irregularidades em empréstimos de R$ 8,1 bilhões do BNDES para a JBS. O depoimento foi tomado na Superintendência da PF em Brasília e também teve a participação dos investigadores da Operação Greenfield, que apura aportes de fundos de pensão na Eldorado Celulose, empresa da J&F.

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Sobre os crimes apurados na Bullish, Joesley afirmou em delação que o ex-ministro Guido Mantega era seu interlocutor para os assuntos do BNDES, mas que os valores abasteceram uma conta em nome dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Segundo o delator, a propina era para agilizar o trâmite das negociações e liberações de valores. Os petistas negam.

Joesley também afirmou em delação que o investimento de R$ 550 milhões dos fundos de pensão Petros e Funcef na Eldorado Celulose rendeu pagamento de propina de 1% para os dirigentes dos fundos e outros 1% para o PT, recebidos pelo então tesoureiro João Vaccari Neto. Os valores eram creditados, segundo o delator, na conta corrente que mantinha com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. O caso é investigado na Greenfield.

Nos dois casos, os investigadores tentam aprofundar a investigação para saber se as afirmações de Joesley no acordo de colaboração são verdadeiras. Embora aponte os pagamentos indevidos no caso dos fundos de pensão e no BNDES, o empresário não assumiu na delação possíveis crimes envolvendo as análises financeiras utilizadas como base em aporte dos fundos e as análises de auditorias independentes no caso dos empréstimos do banco estatal. As duas investigações, além da corrupção, apuram possíveis irregularidades praticadas ao longo dos processos internos para liberação dos valores.

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À época da deflagração da Greenfield, o juiz Vallisney de Souza, amparado em informações do Ministério Público Federal, assinalou a existência de "desvio de recursos em razão, entre outras condutas, do sobrepreço dos ativos avaliados dos fundos de pensão beneficiando as empresas contempladas com os investimentos questionados".

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"Consta dos autos que essas aquisições de cotas do FIP, nos casos investigados, foram precedidas de avaliações econômico-financeiras (valuations) irreais e tecnicamente irregulares, tendo como objetivo real superestimar o valor dos ativos da empresa, aumentando, de forma artificial, a quantia total que o próprio fundo de pensão precisa pagar para adquirir a participação acionária indireta na empresa", afirmou o juiz em despacho.

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Seguranças e procurador. Depois de falar para os investigadores da Greenfield e Bullish, Joesley ainda teve de dar explicações na PF sobre os dois seguranças particulares que o acompanhavam. A PF descobriu que os dois eram policiais civis do Estado de São Paulo e estavam armados. O carro do empresário também foi vasculhado e todas as informações coletadas serão enviados à Corregedoria da Polícia Civil paulista.

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No fim da tarde, Joesley seguiu para a sede do Ministério Público do Distrito Federal, onde falou sobre os anexos de sua colaboração premiada em que narra pagamentos para o procurador da República Ângelo Goulart. O caso também é investigado no âmbito administrativo na corregedoria do MP.

O procurador foi alvo de mandado de prisão na Operação Patmos por suspeita de negociar propina para vazar informações de investigações sobre a JBS. Conforme a delação de Joesley e outros elementos de prova colhidos pela Procuradoria-Geral da República, o esquema teria envolvido a negociação de pagamentos de R$ 50 mil mensais ao procurador.

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Goulart é integrante da equipe do vice-procurador geral eleitoral, Nicolao Dino, e estava cedido à força-tarefa das operações Greenfield, Cui Bono? e Sépsis, que apuram crimes relacionados à JBS. Joesley e os outros delatores da JBS entregaram provas de que o procurador repassou dados aos investigados.

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