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'Eduardo ficava com muita raiva, socava a mesa', diz Cláudia sobre reação do marido às denúncias

Ré em ação penal da Lava Jato por lavagem de mais de US$ 1 milhão, mulher do ex-presidente da Câmara foi à audiência no gabinete do juiz Moro, mas só respondeu perguntas da sua defesa durante vinte minutos

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Atualização:
 

A jornalista Cláudia Cruz afirmou nesta quarta-feira, 16, que seu marido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), 'ficava muito bravo, com muita raiva, socava a mesa' quando via reportagens sobre dinheiro seu no exterior. Ela disse que também 'socava a mesa'.

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Cláudia é ré em ação penal da Lava Jato por lavagem de mais de US$ 1 milhão.

Segundo os investigadores, ela gastou uma fortuna na Europa adquirindo roupas e sapatos de grife e frequentando os melhores restaurantes e hoteis de Paris.

A mulher do deputado cassado foi à Justiça Federal nesta quarta para ser interrogada. Diante do juiz Sérgio Moro, porém, disse que só responderia perguntas de seus advogados. Moro concordou. Ela falou por cerca de vinte minutos.

Um dos defensores indagou de Cláudia se 'em algum momento, ao longo desses anos', ela conversou com Eduardo Cunha sobre a origem dos ativos dele no exterior.

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"Veja bem, quando essas matérias vinham à tona, quando as notícias saíam, Eduardo ficava muito bravo, muito, com muita raiva", ela respondeu. "Socava a mesa, eu idem."

Segundo ela, "nesses momentos Eduardo sempre repetia 'meu dinheiro é lícito!'" (O ex-deputado está preso há quase um mês, por ordem do juiz Moro, réu por suposto recebimento de propinas do esquema Petrobrás).

A sra tinha motivos para não acreditar (na licitude da origem do dinheiro)?, perguntou o defensor. "Eu não tinha motivos para desconfiar. Eu sempre confiei nele, se é prudência ou não..."

Cláudia relatou que tinha um cartão de crédito internacional e que não sabia que tinha uma conta corrente no exterior. "Soube da conta corrente quando veio à tona todo o assunto", disse.

O cartão de crédito era usado, segundo afirmou, para 'custear os gastos dos estudos e de consumo' dos filhos no exterior.

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Ela disse ter assinado 'vários papeis', mas afirmou não saber se eram referentes ao cartão de uma conta. Contou que foi o ex-deputado quem levou os papeis para ela assinar. "Confio e sempre confiei plenamente nele, nunca tive nenhum motivo para desconfiar do Eduardo."

O advogado perguntou a Cláudia se 'alguma vez' ela teve a intenção de ocultar gastos exterior. "Nunca", afirmou.

"Não faço a menor ideia", disse secamente, quando o advogado perguntou sobre os valores mantidos em depósitos na conta.

"Não faço a menor ideia", repetiu, quando indagada de 'onde provinham esses valores'.

Contou que o marido já possuía patrimônio antes de ser deputado porque atuava no comércio exterior e no mercado imobiliário. "A gente sempre teve um padrão de vida elevado, uma vida muito próspera." O defensor perguntou sua profissão. "Jornalista."

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E se ela, como jornalista, não tinha curiosidade em saber a origem dos ativos do ex-presidente da Câmara. "Em casa eu era Cláudia mãe dos nossos filhos, ali não tinha entrevista, perguntas, nada, eu era apenas esposa e mãe."

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