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'É um terço São Paulo, um terço é nacional e um terço Aécio', relata delator a Moro

Empresário Fernando Moura, ligado ao PT, faz novo depoimento a juiz da Lava Jato, entrega José Dirceu e conta como foi a escolha para cargos em diretorias estratégicas do governo Lula, inclusive Furnas, segundo ele, cota do senador tucano

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Por Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Fernando Moura. Foto: Reprodução

O empresário e lobista Fernando Moura afirmou nesta quarta-feira, 3, em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, que o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), teve participação em um suposto esquema de desvios de verbas na estatal de Furnas. Segundo ele, o tucano recebia "um terço" da propina desviada. O restante tinha como destino o PT de São Paulo e o PT nacional.

Moura, ligado ao PT, afirmou que logo após a eleição presidencial de 2002, vencida por Lula, foi feita uma reunião para discutir as nomeações para cargos em diretorias de autarquias e empresas públicas estratégicas da administração. Segundo ele, uma das diretorias era a de Furnas, apontada como cota do senador Aécio Neves. "Quando acabou a eleição de 2002, ganhamos a eleição, foi feita uma reunião para definição de mais ou menos umas cinco diretorias de estatais para poder ajudar a nível de campanha, posteriormente, o que seria interessante na nomeação das pessoas", relatou Moura, em novo depoimento ao juiz Moro.

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Delator e réu confesso do esquema de propinas instalado na Petrobrás, Fernando Moura teve que ficar outra vez frente a frente com o juiz da Lava Jato porque admitiu ter mentido anteriormente. Em sua delação premiada, ele disse que Dirceu orientou-o a 'fugir do País', em 2005, quando estava no auge o escândalo do Mensalão. Ouvido uma primeira vez por Sérgio Moro, ele disse que não recebeu a orientação do ex-ministro chefe da Casa Civil. Diante de procuradores da República, na semana passada, disse que mentiu para o magistrado porque havia sofrido 'ameaça velada'.

Nesta quarta, 3, recebeu uma chance para contar a verdade e não perder os benefícios da colaboração. "Foi conversado sobre Petrobrás, Correios, Caixa Econômica Federal, Furnas, Banco do Brasil, essas diretorias", declarou.

Segundo ele, os indicados para as diretorias deveriam ter 20 anos de casa, 'tinha que ser funcionário da casa para poder receber essa indicação'. A reunião ocorreu novembro de 2002.

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"Nessa relação foi indicado o nome do Renato Duque para a Petrobrás, foi indicado o nome do sr. Eduardo Medeiros para os Correios. A princípio levei pro Zé (Dirceu) o nome do Dimas Toledo, que continuasse na diretoria de Furnas. Ele (Dirceu) usou até uma expressão comigo. 'O Dimas não, porque se o Dimas entrar em Furnas até como porteiro vai mandar em Furnas, está lá há 4 anos, é uma indicação que sempre foi do Aécio'. Passado um mês e meio ele (Dirceu) me chamou e falou qual a sua relação com Dimas Toledo?' Eu falei, estive com ele três vezes, achei ele competente, cara profissonal. O Zé me disse. "Porque esse foi o único cargo que o Aécio pediu pro Lula, então, você vai lá conversar com Dimas e diga que a gente vai apoiar a indicação dele."

Fernando Moura disse que 'foi conversar com o Dimas'.

"Na oportunidade, ele (Dimas) me colocou, da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobrás, em Furnas era igual. Ele falou 'vocês nem precisam aparecer aqui, vocês vão ficar é um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio."

COM A PALAVRA, O PSDB

Nota oficial - PSDB Esta declaração requentada e absurda repete uma vez mais a velha tentativa de vincular o PSDB aos crimes cometidos no governo petista. O PSDB jamais fez qualquer indicação para o governo do PT. O senador Aécio Neves não conhece o lobista, réu confesso de diversos crimes, e tomará todas as providências cabíveis para desmontar mais essa sórdida tentativa de ligar lideranças da oposição aos escândalos investigados pela Operação Lava Jato. Assessoria de Imprensa do PSDB

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COM A PALAVRA, O ADVOGADO MARCO MOURA, QUE REPRESENTA DIMAS TOLEDO

"Dimas Fabiano Toledo foi funcionário de carreira de Furnas por mais de 35 anos, exercendo cargos executivos na empresa em razão de sua qualificação técnica, tendo ocupado a diretoria da empresa a pedido do seu então presidente, e não por indicação política. Dimas Toledo repudia com veemência as declarações feitas pelo Sr. Fernando Moura a seu respeito, por serem absolutamente inverídicas. É lamentável que no desespero de buscar credibilidade perdida no meio de diversas contradições e inverdades, o delator insista no uso da mentira para confundir autoridades e tumultuar importante investigação em curso no País."

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