O abatimento tomou conta dos advogados e dos aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da rejeição dos pedidos da defesa em busca de retardar o cumprimento da pena de 12 anos e 1 mês de prisão. "Enterrou-se uma garantia fundamental", afirmou o advogado do petista e ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence.
"Curiosamente, não só os cinco votos concederam a ordem, mais o que negou, concordam que a garantia deveria prevalecer", acrescentou. "Se reconhece a mudança de entendimento", disse, em tom de lamento.
O comentário expõe o inconformismo da com que foi visto como incoerência no placar. Embora a ministra Rosa Weber tenha votado pela rejeição do habeas corpus de Lula, afirmando que é a favor do respeito à jurisprudência definida em 2016 e do princípio da colegialidade, ela indicou que poderá ter voto no sentido contrário, de acordo com a consciência pessoal, num eventual julgamento das duas ações mais amplas que contestam a prisão em segunda instância para todos os casos.
Entre os ministros, também houve insatisfação com o fato de que, por decisão da ministra Cármen Lúcia, não foram julgadas as ações gerais, mas, sim, o pedido específico de Lula, que encerrará as discussões sobre se é cabível ou não a prisão de condenados em segunda instância.
Sobre estratégias, o advogado Sepúlveda Pertence disse que iria discutir com o conjunto de advogados de três escritórios que defendem Lula. "Vamos ver. Não sou o único defensor", disse.
Outros dois advogados disseram que não era momento de emitir comentários.
"A defesa pretende se inteirar primeiro, ver os votos. É preciso pensar", disse José Roberto Batochio, criminalista que arriscou estratégia final, já no início da madrugada desta quinta-feira, 5, quando requereu à ministra Cármen Lúcia que não votasse, para prevalecer empate de 5 a 5, o que iria beneficiar o ex-presidente.
"A gente não vai comentar. Vamos pensar, refletir depois", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, que também integra o núcleo de defesa de Lula.