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Executivo da Construcap é preso na Abismo

Roberto Capobianco, da família do ambientalista João Paulo Capobianco, foi alvo de pedido de prisão temporária na Operação Abismo, por suposto envolvimento no pagamento de R$ 39 milhões em propina em obra do Centro de Pesquisas da Petrobrás, no Rio

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:
 Foto: Estadão

Um dos donos da Construcap CCPS Engenharia e Comércio, Roberto Capobianco, foi preso temporariamente nesta segunda-feira, 4, alvo da Operação Abismo - 31ª fase da Lava Jato. A empresa integra o Consórcio Novo Cenpes, investigado pelo pagamento de pelo menos R$ 39 milhões em propinas na contratação das obras do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Rio.

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O Ministério Público Federal pediu a prisão ainda de Eduardo Capobianco, outro sócio do grupo, mas o juiz federal Sérgio Moro indeferiu a cautelar - apesar de ter mantido as buscas e demais medidas. Os dois são da mesma família de João Paulo Capobianco, que foi coordenador da campanha de Marina Silva à Presidência, pelo PV, e um dos principais apoiadores de sua campanha em 2014. João Paulo, no entanto, não participa comercialmente dos negócios da família.

A Lava Jato identificou o repasse de pelo menos R$ 2 milhões da Construcap para a empresa Legend Engenheiros Associados, que fazia parte da lavanderia de dinheiro do lobista Adir Assad - preso na Operação Saqueador, como operador de propinas da Delta Engenharia.

 Foto: Estadão

Documentos apreendidos na Operação Saqueador foram compartilhados com a Lava Jato e serviram de base para as buscas e prisões da Abismo. Entre eles, estão as notas da Legend, do operador Adir Assad, para a Construcap.

"A existência de transações da Construcap, Schahin e OAS com as empresas do operador Adir Assad é corroborada ainda pelos documentos apreendidos na Operação Saqueador, encaminhado a esta força-tarefa ministerial após autorização judicial. Mais especificamente, identificam-se notas fiscais da Legenda para OAS e Construcap", sustenta a Procuradoria.

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 Foto: Estadão

Os delatores da Carioca Engenharia, outra integrante do Consórcio Novo Cenpes, Ricardo Pernambuco Júnior e Luiz Fernando dos Santos Reis apontaram Roberto Capobianco como representante da Construcap "nas reuniões realizadas para indevido loteamento de obras da Petrobrás que resultou no direcionamento da obra do Cenpes".

O delator Alexandre Romano, ex-vereador do PT, afirmou que o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira indicou uma empresa, Ferreira Guedes, que seria ligada à Construcap, para operação de pagamentos de propinas.

Outros indícios. A Construcap e seus executivos foram citados em outras ocasiões da Lava Javo. O doleiro Alberto Youssef, peça central das investigações citou que Roberto Capobianco foi o representante do grupo "na negociação de propina destinada a José Janene por obra realizada pela empresa no estado da Bahia no ano de 2005 ou 2006". "Revelou o colaborador, foi o próprio Roberto quem entregou a primeira parcela da propina, no montante de R$ 400 mil", registra o MPF.

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Eduardo Capobianco foi apontado pelo ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco como principal contato do operador de propinas Mário Góes , também delator, "para assuntos relacionados ao pagamento da propina negociada com referido consórcio".

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"Soma-se a isso o fato de que o mesmo Eduardo foi apontado pelo colaborador Augusto Mendonça (dono do Grupo Setal) como representante da Construcap nas reuniões do cartel", informa a força-tarefa da Lava Jato. "Tais elementos, somados à observação de que Roberto Capobianco e Eduardo Capobianco ocupam cargos de diretoria na Construcap, indicam que exerciam o domínio dos fatoscriminosos praticados em favor da empresa, com sistemática atuação em fraudes à licitação com corrupção ativa de funcionários públicos e lavagem de ativos, integrando a organização criminosa que se instalou no âmbito da Petrobrás."

COM A PALAVRA, A CONSTRUCAP

A Construcap não irá se pronunciar no momento.

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