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Dois executivos que foram ligados à Oi são investigados pela Lava Jato

Inquérito que apura papel de José Zunga - amigo do ex-presidente Lula -, como elo da Andrade Gutierrez com o governo federal, no setor de telefonia, tem outros dois nomes citados

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Por Ricardo Brandt e e Fausto Macedo
Atualização:

José Zunga Alves de Lima, ex-sindicalista ligado ao PT e amigo de Lula, investigado pela Lava Jato, em 2002 / Foto: Roberto Castro/AE

Dois outros executivos que foram ligados à operadora de telefonia OI estão entre os investigados da Operação Lava Jato, no inquérito que tem como alvo a atuação de José Zunga Alves de Lima, ex-sindicalista do PT, como suposto elo da empreiteira Andrade Gutierrez com o governo federal. A OI colocou uma antena para celulares na zona rural de Atibaia, ao lado do Sítio Santa Bárbara, usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011 - um ano após a compra do imóvel.

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A força-tarefa da Lava Jato suspeita que a antena instalada ao lado da propriedade rural tenha sido "um favor" para Lula. A torre de retransmissão de sinal foi erguida em 2011, mesmo ano em que OAS e Odebrecht são investigadas por terem feito suposta reforma no sítio como compensação por contratos no governo. O imóvel foi comprado em 2010 e registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar - filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT) -, ambos sócios do filho mais velho do ex-presidente.

Zunga é amigo de Lula e atuou com a Gamecorp, empresa do filho mais velho do ex-presidente Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha. Em 2005 a Andrade Gutierrez - uma das controladoras da Oi até o ano passado - investiu R$ 5 milhões na Gamecorp.

[veja_tambem]

Em outubro de 2015, a Polícia Federal chegou a pedir a prisão temporária de Zunga, mas a medida cautelar foi negada pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, em primeiro grau.

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Tanto Zunga como os dois executivos da Oi sob investigação são contatos da Andrade Gutierrez com o governo federal no setor de telefonia e outras áreas. Os executivos são José Luiz Neffa Simão, que foi diretor de Relações Comerciais da OI, e João de Deus Pinheiro Macedo, diretor de Planejamento do Oi, segundo a PF. Simão prestava serviços por meio de sua empresa e Macedo está aposentado.

Ambos surgiram nessa nova linha de investigação da Lava Jato após análise dos telefones apreendidos na casa de Otávio Marques Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez e responsável pelo setor de telefonia do grupo. Ele foi preso em 19 de junho de 2015, alvo da Operação Erga Omnes, e liberado para cumprir prisão domiciliar no início do mês, após fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

"Otávio Marques conversa com a pessoa de 'Zunga', identificado como sendo José Zunga Alves de Lima, sindicalista e funcionário da Oi, o qual parece ser um contato com trânsito no alto escalão do Governo Federal", informa representação da PF em que foi pedida a prisão do amigo de Lula, em outubro de 2015.

[caption id="attachment_34752" align="aligncenter" width="473"] José Zunga Alves de Lima, ex-sindicalista ligado ao PT e amigo de Lula, investigado pela Lava Jato, em 2002 / Foto: Roberto Castro/AE[/caption] Dois outros executivos que foram ligados à operadora de telefonia OI estão entre os investigados da Operação Lava Jato, no inquérito que tem como alvo a atuação de José Zunga Alves de Lima, ex-sindicalista do PT, como suposto elo da empreiteira Andrade Gutierrez com o governo federal. A OI colocou uma antena para celulares na zona rural de Atibaia, ao lado do Sítio Santa Bárbara, usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011 - um ano após a compra do imóvel. A força-tarefa da Lava Jato suspeita que a antena instalada ao lado da propriedade rural tenha sido "um favor" para Lula. A torre de retransmissão de sinal foi erguida em 2011, mesmo ano em que OAS e Odebrecht são investigadas por terem feito suposta reforma no sítio como compensação por contratos no governo. O imóvel foi comprado em 2010 e registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar - filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT) -, ambos sócios do filho mais velho do ex-presidente. Zunga é amigo de Lula e atuou com a Gamecorp, empresa do filho mais velho do ex-presidente Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha. Em 2005 a Andrade Gutierrez - uma das controladoras da Oi até o ano passado - investiu R$ 5 milhões na Gamecorp. [veja_tambem] Em outubro de 2015, a Polícia Federal chegou a pedir a prisão temporária de Zunga, mas a medida cautelar foi negada pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, em primeiro grau. Tanto Zunga como os dois executivos da Oi sob investigação são contatos da Andrade Gutierrez com o governo federal no setor de telefonia e outras áreas. Os executivos são José Luiz Neffa Simão, que foi diretor de Relações Comerciais da OI, e João de Deus Pinheiro Macedo, diretor de Planejamento do Oi, segundo a PF. Simão prestava serviços por meio de sua empresa e Macedo está aposentado. Ambos surgiram nessa nova linha de investigação da Lava Jato após análise dos telefones apreendidos na casa de Otávio Marques Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez e responsável pelo setor de telefonia do grupo. Ele foi preso em 19 de junho de 2015, alvo da Operação Erga Omnes, e liberado para cumprir prisão domiciliar no início do mês, após fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. "Otávio Marques conversa com a pessoa de 'Zunga', identificado como sendo José Zunga Alves de Lima, sindicalista e funcionário da Oi, o qual parece ser um contato com trânsito no alto escalão do Governo Federal", informa representação da PF em que foi pedida a prisão do amigo de Lula, em outubro de 2015. Mensagens registradas. No telefone de Otávio Azevedo um dos interlocutores é "José Luiz Simão", provável José Luiz Neffa Simão, diretor de Relações Governamentais da Oi, informa a PF. Em uma das conversas eles citam "Vaccari", possível menção ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril de 2015, em Curitiba, acusado de ser operador de propinas do partido no esquema de corrupção na Petrobrás. "Pelegrino pede se você pode falar c Vacari. Porque assunto dele foi enviado e eles estão dificultando repasse pondo duvidas na remessa", escreveu José Luiz Simão, em mensagem do dia 28 de setembro de 2012. "Pode deixar que falo. Foi feito de 25!", responde o presidente afastado da Andrade Gutierrez. Na representação em que pediu a prisão de Zunga, a PF escreveu que na conversa citada "há menção de que uma certa 'remessa' destinada a 'Vacari' (João Vaccari Neto) estaria sendo questionada e por conta disso não estaria ocorrendo um 'repasse'". O outro executivo que aparece no relatório com conversas destacadas com Otávio Marques é o ex-diretor de Planejamento Executivo da Oi, João de Deus. Seu nome aparece no aparelho do presidente afastado da Andrade Gutierrez como "JDeus". Em mensagem do dia 25 de outubro, de 2012, o executivo escreve: "Veja MSG abaixo do caipirinha sobre a bigoduda: "Aperte a Blitz. O ministro reclamou dela para o Renan. E ficaram de conversar a semana que vem junto com o Sarney. E importante desmobilizar ela". Telefonia. Em depoimento prestado à Polícia Federal, alvo da Operação Erga Omnes - 1x fase da Lava jato - Otávio Azevedo buscou limitar a sua participação na Andrade Gutierrez à gestão da empresa no ramo de telecomunicações. Ex-funcionário da Telebras - extinta estatal federal que operava a telefonia brasileira -, ele diz ter entrado na companhia em 1992 e 1993. "Foi contratado para desenvolver a área de telecomunicação da Andrade Gutierrez, tendo fundado a AG Telecom, a qual presidente até a presente data", registra a polícia. "De 1992 até 2007 desenvolveu vários projetos na área de telecomunicação, sendo que no curso da privatização em 1998 a Andrade Gutierrez veio a adquirir a Telemar, da qual tornou-se presidente", informou Azevedo. A Telemar virou OI. Que em 2008 veio a fundir-se com a Brasil Telecom (BrT), empresa em que Zunga atuava, antes de virar funcionário da Oi. Citados. A empresa Oi informou, via assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o caso. José Luiz Simão e João de Deus Macedo não foram localizados para comentar o assunto. José Zunga Alves de Lima, procurado pela reportagem, não atendeu às ligações. Ao jornal Valor Econômico, ele negou ter envolvimento na instalação da antena de celular da empresa em Atibaia. "Eu não sei nada sobre essa antena. Só porque eu conheço o (ex-) presidente isso me coloca como intermediário da (instalação da antena)? Perguntem à Oi sobre essa antena. Minha base de atuação é Brasília e São Paulo sequer está no radar de atuação de minhas atividades na empresa", declarou . "Isso é forçar a barra, só porque eu estou em Brasília", afirmou. "Nunca fui à Atibaia, não faço ideia de onde essa antena fique. Eu sugiro que procure a Oi, esse assunto tem de ser respondido pela Oi, sobre a instalação dessa antena. No plano pessoal, digo que é algo que não sou eu o responsável, não fui eu. Não tenho nenhuma participação sobre o tema." O Instituto Lula tem reiterado, via assessoria de imprensa, que o ex-presidente não é dono do Sítio Santa Bárbara, mas confirma que o petista frequenta a propriedade rural. À reportagem do Estado, José Zunga declarou, em e-mail, nesta quinta, 18. "Não tenho nenhuma relação ou responsabilidade sobre a antena mencionada. Desconheço o assunto. Não fui citado formalmente sobre o pedido da Polícia Federal ao qual você se refere. Desconheço o tema."

Mensagens registradas. No telefone de Otávio Azevedo um dos interlocutores é "José Luiz Simão", provável José Luiz Neffa Simão, diretor de Relações Governamentais da Oi, informa a PF.

Em uma das conversas eles citam "Vaccari", possível menção ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril de 2015, em Curitiba, acusado de ser operador de propinas do partido no esquema de corrupção na Petrobrás. "Pelegrino pede se você pode falar c Vacari. Porque assunto dele foi enviado e eles estão dificultando repasse pondo duvidas na remessa", escreveu José Luiz Simão, em mensagem do dia 28 de setembro de 2012.

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"Pode deixar que falo. Foi feito de 25!", responde o presidente afastado da Andrade Gutierrez.

Na representação em que pediu a prisão de Zunga, a PF escreveu que na conversa citada "há menção de que uma certa 'remessa' destinada a 'Vacari' (João Vaccari Neto) estaria sendo questionada e por conta disso não estaria ocorrendo um 'repasse'".

 Foto: Estadão

O outro executivo que aparece no relatório com conversas destacadas com Otávio Marques é o ex-diretor de Planejamento Executivo da Oi, João de Deus. Seu nome aparece no aparelho do presidente afastado da Andrade Gutierrez como "JDeus".

Em mensagem do dia 25 de outubro, de 2012, o executivo escreve: "Veja MSG abaixo do caipirinha sobre a bigoduda: "Aperte a Blitz. O ministro reclamou dela para o Renan. E ficaram de conversar a semana que vem junto com o Sarney. E importante desmobilizar ela".

Telefonia. Em depoimento prestado à Polícia Federal, alvo da Operação Erga Omnes - 1x fase da Lava jato - Otávio Azevedo buscou limitar a sua participação na Andrade Gutierrez à gestão da empresa no ramo de telecomunicações. Ex-funcionário da Telebras - extinta estatal federal que operava a telefonia brasileira -, ele diz ter entrado na companhia em 1992 e 1993. "Foi contratado para desenvolver a área de telecomunicação da Andrade Gutierrez, tendo fundado a AG Telecom, a qual presidente até a presente data", registra a polícia.

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 Foto: Estadão

"De 1992 até 2007 desenvolveu vários projetos na área de telecomunicação, sendo que no curso da privatização em 1998 a Andrade Gutierrez veio a adquirir a Telemar, da qual tornou-se presidente", informou Azevedo. A Telemar virou OI. Que em 2008 veio a fundir-se com a Brasil Telecom (BrT), empresa em que Zunga atuava, antes de virar funcionário da Oi.

Citados. A empresa Oi informou, via assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o caso.

José Luiz Simão e João de Deus Macedo não foram localizados para comentar o assunto.

José Zunga Alves de Lima, procurado pela reportagem, não atendeu às ligações. Ao jornal Valor Econômico, ele negou ter envolvimento na instalação da antena de celular da empresa em Atibaia. "Eu não sei nada sobre essa antena. Só porque eu conheço o (ex-) presidente isso me coloca como intermediário da (instalação da antena)? Perguntem à Oi sobre essa antena. Minha base de atuação é Brasília e São Paulo sequer está no radar de atuação de minhas atividades na empresa", declarou .

"Isso é forçar a barra, só porque eu estou em Brasília", afirmou. "Nunca fui à Atibaia, não faço ideia de onde essa antena fique. Eu sugiro que procure a Oi, esse assunto tem de ser respondido pela Oi, sobre a instalação dessa antena. No plano pessoal, digo que é algo que não sou eu o responsável, não fui eu. Não tenho nenhuma participação sobre o tema."

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O Instituto Lula tem reiterado, via assessoria de imprensa, que o ex-presidente não é dono do Sítio Santa Bárbara, mas confirma que o petista frequenta a propriedade rural.

À reportagem do Estado, José Zunga declarou, em e-mail, nesta quinta, 18. "Não tenho nenhuma relação ou responsabilidade sobre a antena mencionada. Desconheço o assunto. Não fui citado formalmente sobre o pedido da Polícia Federal ao qual você se refere. Desconheço o tema."

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