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'Delegado não pode desrespeitar político', diz Lula no grampo

Em conversa gravada pela PF, ex-presidente ataca 'autonomia' da Polícia Federal, chama os investigadores de 'bando de louco' e diz que 'delegado tem que ser afastado'

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Lula foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. Foto: Adriano Machado/Reuters

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que delegados da Polícia Federal não podem "desrespeitar político", defendeu o afastamento de autoridades da Operação Lava Jato e criticou a autonomia policial, em conversa monitorada com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

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"O problema é que nós temos que fazer nos respeitar. O delegado não pode desrespeitar um político, um senador, um deputado, sabe? Não tem sentido. Um cara do Ministério Público tem que respeitar", afirmou o ex-presidente, que teve seu telefone monitorado com autorização da Justiça Federal na Operação Aletheia - no dia 4 de março, Lula foi conduzido coercitivamente pela PF para depor.

Para a força-tarefa da Lava Jato, o diálogo mostra a intenção de o ex-presidente buscar mudanças no quadro de investigadores que conduzem a operação, missão conjunta da PF e da Procuradoria da República. Aletheia atribui a Lula e familiares deles supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

As críticas de Lula atingem o coração da Polícia Federal naquilo que mais os delegados prezam: a autonomia. Eles não admitem interferência na independência da PF.Há alguns anos, os delegados lutam na Câmara para fazer andar a PEC 412/2009, que assegura autonomia à PF.

No grampo, tornado público no dia 16, Lindbergh questiona o ex-presidente, no início do diálogo, sobre "aquelas notícias". A Lava Jato tem elementos para apontar que Lula sabia que seria alvo. A conversa gravada aconteceu antes do dia 4 de março, quando foi deflagrada a Aletheia - 24ª fase da Lava Jato - em que o petista foi levado coercitivamente para depor e endereços dele e familiares alvo de buscas.

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"Aquelas notícias todas que falaram que ia ter não houve, né?", pergunta Lindbergh.

Lula responde: "É, mas pode ter, a gente não sabe, porque é um bando de louco".

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Autonomia. "Você ouviu o delegado da Polícia Federal ontem dizendo que quer autonomia, que a troca de ministro é interferência política?", perguntou Lula ao senador petista. Os dois estariam falando das críticas do delegado Carlos Eduardo Sobral, da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), que havia criticado a substituição do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por Wellington Silva - que acabou não assumindo.

"Esse delegado tem que tomar no c..., esse delegado tem que ser afastado para não falar merda", ataca Lula.

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"Todo mundo quer autonomia... Quem está precisando de autonomia nesse Pais é a Dilma. Que tem o Tribunal de Contas em cima dela, tem o Ministério Público em cima dela, tem a Polícia Federal em cima dela, tem a Justiça..., to certo? Todo mundo em cima da coitada e todo mundo quer autonomia, autonomia, vai tomar no c..., porra", completa o ex-presidente.

 

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