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Delegado da PF revela dificuldades de manter o ritmo da Lava Jato

Filipe Pace, da força-tarefa, diz que 'é inviável se estender por tempo indeterminado os inquéritos policiais sob o pretexto de se aguardar a exaustiva e integral análise dos materiais apreendidos em cada fase da operação'

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Foto do author Julia Affonso
Por Mateus Coutinho , Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Policiais federais com documentos apreendidos durante etapa da Operação Lava Jato, em São Paulo. FOTO: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO Foto: Estadão

O delegado de Polícia Federal Filipe Hille Pace, que faz parte da equipe da Lava Jato no Paraná, afirmou em despacho do dia 6 de abril que a sucessiva deflagração de fases da operação, que já soma 28 etapas, 'impossibilita a conclusão célere da análise de todo o material apreendido em fases pretéritas'.

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Para o delegado, também é inviável se estender por tempo indeterminado os inquéritos policiais 'sob o pretexto de se aguardar a exaustiva e integral análise dos materiais apreendidos por ocasião de cada uma das fases da aludida operação policial'.

As afirmações de Pace revelam as dificuldades, até estruturais, da intensa rotina de trabalho da equipe da Lava Jato para manter o acelerado passo das investigações em Curitiba.

A PRIMEIRA PARTE DO DESPACHO:

 Foto: Estadão

O 'desabafo' do delegado foi feito no bojo de um inquérito que tem como alvos o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Jorge Luiz Zelada, já condenado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro e o lobista e ex-gerente da estatal João Augusto Resende Henriques, condenado a seis anos e oito meses de prisão pelos mesmos crimes, além de outros investigados. Os dois são apontados como cota do PMDB no esquema de corrupção na Petrobrás e que teriam sido "apadrinhados" pelo vice-presidente Michel Temer.

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A investigação, que começou em setembro de 2015 para apurar as suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte dos investigados acabou revelando novas offshores, contratos de fachada e estratégias de ocultação de bens dos investigados envolvendo até familiares e conhecidos deles no Brasil, além de novos contratos da Petrobrás nos quais teriam ocorrido pagamento de propinas de empresas internacionais.

A SEGUNDA PARTE DO DESPACHO:

 Foto: Estadão

Diante do grande volume de descobertas e indícios que podem levar a novos crimes, o delegado Filipe Pace apontou que 'não há razoabilidade e possibilidade fática e humana a se apurar, no presente inquérito, todos os crimes que possam ter sido praticados pelos indiciados em desfavor da estatal brasileira'.

Ele lembra ainda que há fatos envolvendo Zelada e Henriques ainda sob investigações sigilosas e que novos fatos que vierem à tona vão dar origem a novos inquéritos, indicando que a investigação do núcleo do PMDB no esquema está longe de ser encerrada'.

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