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EXCLUSIVO: Delatores afirmam que governador do Acre, Tião Viana (PT), recebeu R$ 2 milhões de conta corrente 'Italiano'

VEJA O INQUÉRITO contra Tião Viana (PT), governador do Acre, e seu irmão, o senador Jorge Viana (PT/AC), com base em delação de Marcelo Odebrecht e chefe do 'setor de propinas', que disseram que irmãos são identificados como 'menino da floresta' em 'conta corrente' controlada por Antonio Palocci; só R$ 500 mil desse montante foi pago por via oficial

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Por Breno Pires , de Brasília e e Ricardo Brandt
Atualização:

Tiao Viana. Foto: Divulgação

Os delatores da Odebrecht confirmaram à força-tarefa da Operação Lava Jato que o governador do Acre, Tião Viana (PT), e seu irmão, o senador Jorge Viana (PT-AC), receberam R$ 2 milhões para a campanha de 2010, ao governo do Estado, e que R$ 1,5 milhão desse total foi pago via caixa 2. O registro consta na planilha do Setor de Operações Estruturadas na conta corrente "Italiano" - que seria uma referência ao ex-ministro Antonio Palocci, que tratava dos valores para campanha presidencial do PT - como valores a serem pagos ao "Menino da Floresta".

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Os dois são alvo de um inquérito aberto por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato, com foro privilegiado, no dia 4.

"Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam a ocorrência de pagamento de vantagem, a pedido do Senador da República Jorge Viana, no contexto de campanha eleitoral de seu irmão, Tião Viana, ao governo do Acre, no ano de 2010"', informa a decisão, que abriu o inquérito 4393/DF, da Lista de Fachin.

Os delatores Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado da Odebrecht, e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, ex-chefe do Setor de Operações Estruturas, afirmaram em seus termos que "foram repassados R$ 2.000.000,00, sendo R$ 500.000,00 de modo oficial".

"Tais valores teriam sido decotados da cota global do Partido dos Trabalhadores (PT) - intitulada 'planilha italiano' -, sendo que o pagamento teria contado com a anuência de Antônio Palocci, tudo sendo efetuado pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, inclusive com a utilização de offshores, identificando-se no sistema 'Drousys' o destinatário com o apelido 'menino da floresta'."

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A Polícia Federal e o Ministério Público Federal já havia associada o codinome "Menino da Floresta" aos irmãos Vaiana, nas investigações da Lava Jato em Curitiba. O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

COM A PALAVRA, TIÃO VIANA

Neste momento dantesco da vida nacional, parece que nenhuma linha fina separa a honra da desonestidade. Tenho um histórico de combate à corrupção como ativista político, senador da República e governador do Acre. Defendo a apuração de qualquer fato suspeito e a punição de qualquer um que tenha culpa provada. Portanto, também tenho integridade, coerência e coragem para não aceitar a sanha condenatória de setores poderosos que destroem reputações tomando apenas a delação interessada de corruptos apanhados no crime. Sobre a construtora Odebrecht, afirmo nunca realizou qualquer obra no Estado do Acre, portanto, nem sequer poderia ter aqui qualquer tipo de interesse escuso ou legal. Nunca me reuni com o senhor Marcelo Odebrecht, com nenhum executivo da sua empresa nem de qualquer outra envolvida na Operação Lava a Jato. Outra canalhice já tentou envolver o meu nome em ataque semelhante, mas o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a minha inocência por unanimidade e a Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do caso. As contas das minhas campanhas são públicas e foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. Confio na Justiça, defenderei a minha honra com determinação e tomarei todas as medidas judiciais cabíveis contra os delatores da calúnia e os propagandistas da desonra. Indignado, mas de consciência tranquila, reafirmo: estou longe dessa podridão, essa podridão está longe de mim. Tião Viana Governador do Estado do Acre

COM A PALAVRA, JORGE VIANA

"A crise política vai se aprofundar, a partir de agora, com risco de paralisia institucional, porque todo o sistema político brasileiro está em xeque. Todas as legendas e expoentes partidários estão citados na lista do ministro Edson Fachin, do STF, o que nos obriga, nesse momento, a nos explicarmos. Do PMDB ao PSDB, passando pelo meu partido, o PT, mas também o DEM, PSD, PSB, PRB e PP, todos os representados no Congresso estão envolvidos nesta crise. Muitos são acusados de corrupção, outros têm de se explicar sobre suas campanhas. Sobre o envolvimento do meu nome e do governador Tião Viana, não há nenhuma denúncia de corrupção contra nós, mas questionamentos sobre a arrecadação da campanha em 2010. Vamos provar na Justiça o que dissemos antes: nossas campanhas foram dentro da lei e feitas com dinheiro limpo. Nada devemos e nada tememos. Confiamos na Justiça."

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