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Delatora confirma a Moro propina fixa mensal de R$ 500 mil a Sérgio Cabral

Tânia Fontenelle, da Carioca Engenharia, declarou em depoimento a juiz da Lava Jato que 'homem da mala' de ex-governador do Rio buscava mensalmente dinheiro em espécie na sede da empresa

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Sérgio Cabral. Foto: Wilton Júnior/Estadão

A delatora Tania Maria Silva Fontenelle, executiva da Carioca Engenharia, afirmou nesta sexta-feira, 10, ao juiz federal Sérgio Moro - dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba - que tinha a incumbência de providenciar, por meio de falsos contratos, de R$ 200 mil a R$ 500 mil mensais em espécie para ser entregue a Carlos Miranda, o "homem da mala" do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB).

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"Eu tinha por incumbência gerar os recursos que me eram solicitados e aprovados pelo acionista principal da empresa, e esses recursos eram solicitados pelos acionistas e diretores da empresa", afirmou Tânia, como testemunha de acusação contra Cabral, Carlos Miranda e outros réus, em ação penal sobre propinas ao peemedebista de R$ 2,7 milhões, em contrato das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

"Eu então gerava esses recursos e na medida da possibilidade de viabilizar esses recursos eu repassava o valor fixo mensal ao senhor Carlos Miranda", explicou Tânia. Ela colaborou com a força-tarefa da Lava Lato em uma leniência.

O procurador da República Athayde Ribeiro Costa quis saber da testeunha qual era a sistemática de entregas de propinas para o emissário de Cabral.

"Esse valor fixo mensal, a princípio, era R$ 200 mil mensais, que permaneceu por uns dois a três anos e depois passou para R$ 500 mil mensais."

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A colabora detalhou como Carlos Miranda ia até a sede da Carioca para retirar os valores. "Ia justamente para receber esses recursos."

"Todos mês ele ia lá receber. (O valor) Variava , porque nem sempre existia a disponibilidade desses recursos, então, entregava um pouco menos, um pouco mais."

Carlos Miranda é suspeito de controlar a 'contabilidade paralela' do esquema cuja liderança é atribuída ao peemedebista. Os dois estão presos desde 25 de novembro, quando foram presos na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato.

"Carlos Miranda, de acordo com o depoimento dos colaboradores e lenientes, era o operador financeiro do ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sendo que ficou conhecido, inclusive, como sendo "o homem da mala" de Sérgio Cabral", aponta o pedido de prisão do peemedebista, da força-tarefa conjunta da Calicute Lava Jato.

Tania Fontenelle declarou em seu acordo que entrou em 1988 na Carioca Engenharia, da qual se desligou em 2015. Ela disse que recebia as solicitações de acionistas e diretores da Carioca Engenharia para providenciar dinheiro em espécie e assim procedia.

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A Moro, ela explicou como os recursos eram gerados dentro da contabilidade da empresa. "Esses recursos eram gerados ou através de superfaturamento de algumas empresas que já trabalhavam para a Carioca ou através de contratos simulados com outras empresas." Ela disse que não "sabia a finalidade dos recursos".

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Vacas. Foi a ex-executiva da Carioca que revelou ter comprao vacas superfaturadas da empresa Agrobilara Comércio e Participações Ltda para 'gerar dinheiro em espécie' para a empreiteira. A Agrobilara pertence à família Picciani.

São controladores da Agrobilara os peemedebistas Leonardo Picciani, ministro dos Esportes do Governo Michel Temer, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, e Rafael Picciani - deputado estadual, secretário de coordenação de Governo da Prefeitura do Rio.

O tema do depoimento da matemática é 'Geração de Caixa 2 pela Carioca'. As declarações foram prestadas no dia 19 de abril de 2016.

A reportagem procurou o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão e a defesa do ex-governador Sérgio Cabral. Não houve retorno.

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