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Delator relata propina em pacotes de R$ 30 mil a ex-dirigentes da Eletronuclear

Fernando Carvalho, ligado à Andrade Gutierrez, revelou que dinheiro foi entregue em um café no Botafogo Praia Shopping, na zona sul do Rio

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Obras paralizadas da construção da Usina de Angra 3 em Angra dos Reis litoral sul do Rio de Janeiro. Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

Um dos delatores da Operação Pripyat, o executivo Fernando Carvalho, ligado à Andrade Gutierrez, afirmou que pagou propina a três ex-diretores da Eletronuclear pessoalmente, em pacotes de dinheiro. O empreiteiro citou como beneficiários o ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini, o ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani e o ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias.

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Os três ex-dirigentes da subsidiária da Eletrobrás estão presos preventivamente desde 6 de julho quando a operação foi deflagrada. O Ministério Público Federal afirma que o alto escalão da Eletronuclear pegou R$ 26,4 milhões em propinas das obras da Usina de Angra 3. O ex-presidente da estatal Othon Pinheiro e cinco ex-dirigentes dos cargos mais importantes da subsidiária da Eletrobrás teriam recebido valores ilícitos de obra de R$ 1,2 bilhão, segundo força-tarefa dos procuradores.

Na decisão que deflagrou a Operação Prypiat, em 6 de julho, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, do Rio, anotou. "Fernando Carvalho disse que pagou pessoalmente a propina de Edno Negrini, Pérsio Jordani, Luiz Messias em pacotes de dinheiro com valor estimado em R$ 30 mil em aproximadamente cinco encontros com cada um, realizados no período de maio de 2010 a maio de 2011. Fernando Carvalho foi responsável pelos pagamentos em dinheiro após maio de 2011 até maio de 2013."

Parte da propina paga pela Andrade Gutierrez, segundo a Procuradoria da República, foi dividida entre cinco ex-dirigentes do alto escalão da estatal. A investigação mostra que ele dividiram 1,2% do valor total da obra: ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), Edno Negrini (0,3%), Persio Jordani (0,2%), Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

"Em relação ao pagamento de propina aos demais funcionários da Eletronuclear, o acerto foi feito em dinheiro; que, logo após a retomada do contrato, o depoente se reuniu com cada um separadamente, Luiz Messias, Edno Negrini e Persio Jordani, reconhecendo o compromisso de pagamento de propina acertada; ... que para Edno e Pérsio o dinheiro era entregue em um café em um encontro mais rápido, podendo ser no Botafogo Praia Shopping ou uma cafeteria comum de shopping", afirmou Fernando Carvalho na delação.

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Cálculos do Ministério Público Federal apontam que Luiz Soares e Edno Negrini receberam até R$ 3,6 milhões e Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani receberam até R$ 2,4 milhões em propinas da construtora. O cálculo pode até estar subestimado considerando que foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para a Flexsystem no valor de R$ 5 milhões.

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