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Delator relata compra de apoio do PDT na chapa Dilma/Temer a mando de Odebrecht e Mantega

LEIA O DEPOIMENTO ao TSE do ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, que disse ter pago R$ 4 milhões ao partido, via caixa 2, para que legenda entrasse na coligação Força do Povo e, assim, passasse teu tempo de TV para Dilma

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Luiz Vassallo
Atualização:
 

O ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis afirmou em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cuidou do repasse de R$ 4 milhões ao PDT, na campanha de 2014, a pedido de Marcelo Odebrecht e do ex-ministro Guido Mantega. O objetivo era comprar o apoio do partido à Chapa Com a Força do Povo, encabeçada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em especial, ao tempo de TV da legenda.

"A missão que me foi dita, na época, era entre 4 e 7 milhões de reais. Que fosse oferecido ao PDT para esse propósito especificamente", afirmou Reis, ouvido no dia 2 de março.

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Um dos 78 delatores da Odebrecht, Reis falou como testemunha na ação contra a chapa presidencial Dilma Rousseff (PT), presidente, Michel Temer (PMDB), vice, de 2014, ao ministro do TSE Herman Benjamin.

"O Alexandrino (Alencar) me disse que havia um pedido do ministro Guido Mantela para que a Odebrecht consolidasse um apoio financeiro a determinados partidos, de forma que esses partidos confirmassem a sua participação na coligação, garantindo a eles, então, o tempo de televisão. E que ele, Alexandrino Alencar, estaria encarregado de vários desses partidos, mas que existia um dos partidos que, pelas relações sindicais que a Odebrecht Ambiental tinha e pela sua dispersão, ele não tinha contato com o partido PDT."

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"Eu recebi, possivelmente deve ter sido em junho de 2014, uma mensagem do Marcelo Odebrecht, que era o presidente da Odebrecht S.A., para que eu procurasse o Alexandrino Alencar que era o diretor de relações institucionais da Construtora Norberto Odebrecht. Marcelo me disse - possivelmente que eu me lembrem numa ligação telefônica -: 'Olha, procure, por favor, o Alexandrino Alencar."

O dinheiro seria para compra do apoio do partido à chapa presidencial de Dilma e Temer, especialmente para a aquisição do tempo de TV que o partido detinha.

"O Alexandrino me disse: 'Olha, existe uma certa pressa, existe a pressa da encomenda, a encomenda que não foi feita. Existe a pressa para que isso seja confirmado rapidamente, que eles confirmem rapidamente a sua participação na coligação Força do Povo, garantindo, assim, o tempo que eles têm de televisão'", detalhou o delator.

 

Fernando Reis foi presidente da Odebrecht Ambiental até setembro de 2016, um mês antes de a empresa ser vendida à canadense Brookfield por US$ 768 milhões. O delator foi um dos alvos da Operação Xepa, 26.ª etapa da Lava Jato, em março do ano passado.

Fluminense. O delator da Odebrecht contou ao TSE que procurou o tesoureiro do PDT, Marcelo Panella, e acertou as entregas, em um encontro em uma cafeteria no bairro São Conrado, no Rio.

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Foram quatro entregas - nos dias 4 e 11 de agosto e nos dias 1 e 9 de setembro - no escritório de uma empresa, que seria do tesoureiro do PDT, no centro do Rio.

"Esses pagamentos todos foram feitos com despesas não contabilizadas, operacionalizados pelo Setor de Operações Estruturadas", afirmou Reis.

 

O delator explicou que serviu de canal de comunicação entre Mantega, Odebrecht e Alencar e o PDT. Segundo ele, sua única participação mais ativa foi a criação das senhas que seriam usadas pelos interpostos do Setor de Operações Estruturas e do PDT para a entrega e recebimento da propina.

Reis revelou que o valor repassado para o PDT poderia ter sido de R$ 7 milhões, segundo o que havia sido autorizado, mas decidiu oferecer R$ 4 milhões - o que foi aceito.

"Ele (tesoureiro do PDT) para o time do Fluminense, então, identificamos as senhas com nomes de jogadores do time do Fluminense", explicou o delator.

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A compra de apoio do PDT faria parte de um acordo maior que também envolveria outras legendas, como PRB, PROS, PCdoB e PP.

COM A PALAVRA, O PRESIDENTE DO PDT, CARLOS LUPI

O presidente do PDT, Carlos Lupi, negou que tenha havido pagamento para que o partido fizesse parte da coligação presidencial encabeçada por Dilma Rousseff. O pedetista afirmou que o PDT foi o primeiro partido a declarar apoio à candidatura de Dilma.

"Ele (Cunha Reis) tem de provar o que está falando. Nunca participei de nada disso."

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT

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A Odebrecht informou que não faz comentários sobre depoimentos prestados em sigilo por determinação do Supremo Tribunal Federal, "mas pode destacar que está implantando normas internas rigorosas para que a atuação em todas as suas empresas ocorra sempre com ética, integridade e transparência".

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