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'Propina era institucionalizada na Petrobrás', diz testemunha

Augusto Mendonça, um dos delatores da Lava Jato, diz à Justiça que era 'inimaginável não contribuir (com propinas)'

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Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo

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O delator Augusto Ribeiro, do grupo Setal Construções e PEM Engenharia, afirmou que a cobrança de "comissões" era prática institucionalizadas dentro da Petrobrás e que o ex-diretor de Serviços Renato Duque tratou diretamente com ele para que fosse pago 2% em "vantagens" em contratos mantidos na estatal.

"Pelo o que o senhor falou essa prática do pagamento de vantagens a diretores seria institucionalizada na Petrobrás", questionou um dos procuradores da Lava Jato. "Sim", respondeu o executivo. "Eu diriaque seria inimaginável não contribuir ou não fazer com que se comprometesse a contribuir", afirmou Ribeiro em depoimento prestado ontem à tarde na Justiça Federal, em Curitiba.

Ribeiro, executivo da Setal e da PEM Engenharia, afirma que pagou propina a Duque, ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e que foi pressionado pessoalmente pelo ex-líder do PP José Janene - morto em 2010. "A pressão era muito grande".

 

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Ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, Ribeiro afirmou que em reunião pessoal Janenen "foi muito claro. Que estávam0s assinado um contrato com a Petrobrás e que deveriam fazer uma contribuição a ele pela diretoria do Paulo Roberto, que era um indicado dele e que se não fizéssemos teríamos sérios problemas na execução dos contratos".

Segundo Ribeiro, Janene se reunia pessoalmente com os executivos para cobrar as comissões. "Houveram situações em que a gente percebia que a pressão dele era muito grande, em reuniões no escritório dele em São Paulo."

O delator explicou que os diretores da Petrobrás têm "peso muito importante na operação da companhia. "De modo que a posição de um diretor ela é absolutamente crucial para o andamento de uma companhia nas obras" da estatal. "Eles utilizavam esse tipo de argumentação para discutir comissões como também o pagamento."

 

Segundo Ribeiro, na Diretoria de Serviços, ocupado por Duque - indicado como nome colocado pelo ex-ministro José Dirceu no cargo - os contratos em que ele teve que pagar propina são do ano de 2007. "Fui procurado e discuti essas questões com o próprio Duque e Pedro Barusco, gerente de Engenharia da Petrobras, na época."

O delator confirmou que as propinas na Diretoria de Abastecimento eram de 1% e na de Serviços 2%, como já haviam afirmado em outubro de 2014 os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.

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"Eles me pediram no caso do Paulo Roberto, 1%, e no caso do Renato Duque, 2%." Ele afirmou que outras empresas do suposto cartel também pagavam as propinas.

VEJA OUTROS TRECHOS DO DEPOIMENTO DE AUGUSTO MENDONÇA

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