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Delator da Andrade relata R$ 150 mil 'em espécie' a Genu em hotel 'perto de bingo'

Luís Mário Mattoni, engenheiro da empreiteira, relatou à força-tarefa da Lava Jato que 'ficou impressionado' com os seguranças de ex-assessor do ex-deputado José Janene, apontado como mentor do esquema de cartel e propinas na Petrobrás

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Por Julia Affonso , Mateus Coutinho e Ricardo Brandt
Atualização:

João Cláudio Genu. Foto: Reprodução

O engenheiro Luís Mário da Costa Mattoni, um dos delatores da empreiteira Andrade Gutierrez na Operação Lava Jato, declarou que entregou R$ 150 mil em dinheiro vivo a João Cláudio Genu, ex-assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR), em um hotel em São Paulo, 'próximo ao um bingo numa transversal da (Avenida) 23 de Maio'.

Genu foi preso em maio deste ano na Operação Repescagem, 29.ª fase da Lava Jato. Ele foi condenado no Mensalão (Ação Penal 470). O depoimento de Mattoni foi prestado em 14 de março deste ano e anexado aos autos da Lava Jato na semana passada.

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O DEPOIMENTO

Na Lava Jato, o ex-assessor é apontado pela força-tarefa como mentor do esquema de cartelização e propinas na Petrobrás, com origem na Diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera - o engenheiro Paulo Roberto Costa, que dirigiu este setor durante cerca de dez anos, foi indicado para o cargo pelo então deputado Janene (morto em 2010).

Na delação, Luis Mattoni disse que após conversar com executivos da Andrade, a empreiteira 'disponibilizou' cerca de R$ 150 mil em espécie.

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"Como o depoente (Luiz Mattoni) havia ficado impressionado com os seguranças de Genu, o depoente resolveu alugar um quarto de hotel em São Paulo, localizado próximo a um bingo numa transversal da 23 de Maio, próximo ao viaduto; Que o depoente pegou o quarto, deixou o dinheiro e ficou esperando Genu no lobby do hotel, deixando a chave do quarto à vista", relatou o delator, que contou ter entrado na Andrade Gutierrez em 1995.

Segundo ele, o segurança de Genu 'pegou a chave, subiu, buscou o dinheiro e desceu, deixando a chave e indo embora'.

No fim de outubro, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu pedido de liminar em Reclamação da defesa de Genu, e o manteve na cadeia da Lava Jato.

As investigações apontaram Genu como um dos beneficiários e articuladores do esquema de desvio de recursos da estatal petrolífera, recebendo um porcentual fixo da propina destinada ao PP.

De acordo com os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato, o ex-assessor permaneceu 'associado de forma estável e permanente à organização criminosa que vitimou a Petrobrás'.

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COM A PALAVRA, O ESCRITÓRIO ARNS DE OLIVEIRA & ANDREAZZA, QUE DEFENDE JOÃO CLÁUDIO GENU

A defesa de João Cláudio Genu informou se tratar de 'atraso de juntada'. Fatos antigos anexados ao processo que não trazem novas informações.

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