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SILÊNCIO DE AMIGOCoronel Lima é um nome emblemático, muito ligado a Temer desde os anos 1980 e 1990, quando o presidente exerceu o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo (Governos Montoro e Fleury Filho).
Assim como Temer, o coronel está sob investigação da PF. Ele teria recebido R$ 1 milhãoda JBS, mas o destinatário teria sido o presidente, segundo investigadores.
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Na Operação Patmos, deflagrada no dia 18 de maio, a PF fez buscas no escritório da Argeplan, do coronel Lima, em São Paulo. Foram apreendidos documentos que citam Maristela, filha de Temer.
O coronel Lima foi intimado pela PF em 1 junho para 'prestar esclarecimentos no interesse da Justiça'. O depoimento estava marcado para o dia seguinte, 2 de junho, às 15h, na Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros.
Em manifestação à PF, o escrivão da Polícia Federal Vinicius Costenaro Cabral informou que foi recebido pela empregada doméstica do coronel ao cumprir o mandado de intimação.
"Ela recebeu o mandado de intimação e nos informou que João e sua esposa foram viajar a passeio, porém disse que iria entrar em contato com eles para avisa-los", relatou o escrivão.
No dia em que foi intimado, João Baptista Lima Filho, por meio de sua defesa, entregou um atestado médico datado de 29 de maio informando que o coronel havia sofrido, em junho de 2016, um 'acidente vascular cerebral isquêmico, com lesão isquêmica frontal esquerda'.
"Desde então, sua saúde vem carecendo de constante acompanhamento médico", relataram os defensores.
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Segundo os advogados, o coronel precisou suspender o uso de remédios e estava sob risco de novo AVC. Deveria, então, 'manter repouso em sua residência e evitar situação de estresse' que levassem ao risco de pico hipertensivo'.
"Não deixa de ser importante mencionar que a situação de estresse a que foi levado, decorrente da citação de seu nome, com repercussão nacional, desde último dia 18 de maio de 2017, havida em colaborações premiadas que originaram o inquérito em epígrafe, também agravaram seu quadro de saúde", argumentou a defesa.
"Por este motivo, visando o resguardo e repouso médico, o sr. João Baptista Lima Filho já havia se deslocado para a cidade de Duartina, local de sua fazenda, onde costuma descansar, com previsão de retorno apenas na terça-feira, 6 de junho de 2017."
Na ocasião, a defesa pediu que a Polícia Federal remarcasse o depoimento do coronel para alguma data a partir de 13 de junho. Dias antes, em 6 de junho, a defesa mandou nova manifestação à PF.
O defensor do coronel relatou que o quadro de saúde do amigo de Temer havia 'involuído' e ele havia sido hospitalizado novamente 'em caráter de urgência com suspeita de novo AVC'.
"Encontrando-se em precário estado de saúde, restando impossibilitado de comparecer para prestar esclarecimentos na data de 7 de junho de 2017", relatou. "O sr. João Baptista Lima Filho ratifica que não está, sob qualquer aspecto, evitando comparecer para prestar esclarecimentos a esta autoridade policial, comprometendo-se a fazê-lo oportunamente."
Nos dias 8 e 13 de junho, a defesa se manifestou novamente. Foram enviados relatórios médicos e 'com detalhamento do quadro clínico'.
"Conforme vem sendo informado a esta autoridade policial, o estado de saúde do Sr, João Baptista Lima Filho continua precário, conforme revela novo relatório médico, expedido aos 13 de junho de 2017. Deve-se ressaltar, conforme consta do referido relatório, que, por ordens médicas, o sr João Baptista Lima Filho está afastado de suas atividades, em repouso absoluto, devendo evitar situações de estresse sob o risco de novo AVC, além de se lhe estar sendo administrado medicamentos que afetam a sua capacidade cognitiva e seu estado psicofísico", relatou a defesa.
"Também vem sendo submetido a diversos exames médicos, preparatórios para intervenção cirúrgica que sofrerá no próximo dia 21 de junho de 2017. Este quadro de saúde impossibilita, por ora, de o Sr. João Baptista Lima Filho de prestar esclarecimentos a esta Autoridade."
A reportagem tentou contato com a defesa de João Baptista Lima Filho. O espaço está aberto para manifestação.