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Cunhada de Vaccari lucrou 100% em negócio com empreiteira da Lava Jato

Marice Correa de Lima, que está com prisão temporária decretada, comprou apartamento Bancoop da OAS por R$ 200 mil e vendeu um ano depois por R$ 432 mil; relatório do Ministério Público Federal aponta 'caráter fraudulento da operação'

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Por Redação
Atualização:

Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba 

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A cunhada do tesoureiro do PT fez um excelente negócio imobiliário com a empreiteira OAS - alvo da Operação Lava Jato - e lucrou 100% em um breve espaço de tempo, apontam investigadores da força tarefa que desmantelou esquema de corrupção na Petrobrás. Os investigadores falam em "caráter fraudulento da operação" realizada por Marice Correa de Lma, a cunha de João Vaccari Neto. Eles suspeitam que o negócio "serviu para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, tratando-se de possível vantagem indevida paga pela OAS a João Vaccari Neto".

Nesta quarta feira, 15, a Polícia Federal prendeu o tesoureiro do PT e fez buscas na residência de Marice, que também tem contra si decreto de prisão temporária. Ela ainda não foi localizada. Os investigadores acreditam que Marice irá se apresentar.

O negócio realizado por Marice, em 2012, é referente a um apartamento da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), emblemática entidade fundada por um núcleo do PT nos anos 1990.

Rastreamento bancário e fiscal mostra que a cunhada de João Vaccari Neto comprou em 2011 o apartamento 45 do edifício Navio-Mar Cantábrico no Guarujá, litoral de São Paulo. Pagou, na ocasião, R$ 200 mil, segundo sua própria declaração ao Imposto de Renda. No ano seguinte, porém, segundo a declaração de 2013, ela vendeu o imóvel para a empreiteira OAS por R$ 432 mil.

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"Ou seja, em pouco mais de um ano obteve um lucro de mais de 100% sobre o valor investido no bem, revendendo com lucro para a própria incorporadora que assumiu a obra, o que, naturalmente, não é razoável", assinala relatório do Ministério Público Federal.

Trecho de escritura de apartamento de cunhada de Vaccari Foto: Estadão

A Bancoop é alvo de uma longa sucessão de ações movidas por cooperados que alegam ter comprado unidades habitacionais, mas até hoje não receberam as chaves. Eles sustentam que a Bancoop repassou a construção dos prédios para a OAS e que a empreiteira cobrou valores superiores aos ajustados na origem dos negócios.

A OAS é alvo da Lava Jato porque teria integrado o cartel que se instalou na Petrobrás para esquema de propinas destinadas a ex-dirigentes da estatal e a deputados, senadores, governadores e ex-políticos. A Lava Jato mostra que Vaccari e a OAS mantém ligações muito próximas. O tesoureiro do PT teria arrecadado até US$ 200 milhões em propinas para o PT - uma parte pode ter saído do caixa da OAS.

Supostamente com a diferença da compra e venda do apartamento no Guarujá a cunhada do tesoureiro do PT teria adquirido outro imóvel por R$ 91 mil de entrada e concedido empréstimo para Nayara Vaccari, filha de Giselda Rousie de Lima e João Vaccari Neto, de R$ 345 mil."Nesse mesmo ano calendário de 2013 há fortes indícios de movimentação financeira incompatível, entre os meses de setembro de outro, junto ao Banco do Brasil", assinalam os investigadores.

A força-tarefa constatou que, naquele mesmo ano, de acordo com dados do registro de imóveis, a OAS vendeu em 2014 um apartamento igual, unidade 44-A do Edifício Salinas (Condomínio Solaris), por R$ 337 mil, "valor muito abaixo do que foi pago a Marice Correa de Lima, o que reforça o caráter fraudulento da operação".

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O nome de Marice apareceu nas primeiras fases da Lava Jato, no início de 2014. Ela teria recebido dinheiro no dia 3 de dezembro de 2013 de propina da construtora OAS. Os valores teriam sido entregues em espécie a mando do doleiro Alberto Youssef no endereço Rua Doutor Penaforte Mendes, 157, apartamento 22, Bela Vista.

Posteriormente, em delação, Youssef declarou que no ano de 2010 Vaccari também recebeu a quantia em espécie de R$ 500 mil paga pela empresa Toshiba por contratos com a Petrobrás. Parte desse montante também foi dado em dinheiro para Marice.

Esquema montada pelo PF para suposto elo com pagamento de propina da OAS Foto: Estadão

 

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