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Crise na Receita chega a Maiores Contribuintes

Em carta a superiores, coordenador especial comunica que 'os objetivos e metas não serão alcançados por causa de alterações do PL 5864/16 que trouxeram grande insegurança jurídica'

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Fausto Macedo , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

A crise sem precedentes na história da Receita atingiu uma área sensível e estratégica do Fisco - Acompanhamento dos Maiores Contribuintes. Em carta a superiores, o coordenador especial do setor, Guilherme José Dias, comunicou que 'os objetivos e metas não serão alcançados' em 2016.

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O ofício endereçado à Subsecretaria de Fiscalização diz que 'o não atingimento dos objetivos e metas se deve ao descumprimento do acordo firmado entre as categorias integrantes da Receita Federal do Brasil e o Governo, e materializado por meio do Projeto de Lei 5.864/2016'.

Maiores Contribuintes é responsável por monitorar as maiores empresas do país, responsáveis por mais de 60% da arrecadação administrada pela Receita. A Equipe de Acompanhamento do setor desempenha ações que visam garantir recursos financeiros para execução de políticas públicas, pagamento de benefícios sociais, previdência, investimentos, repasses aos Estados e municípios.

"As alterações do PL 5.864/2016, aprovadas em comissão especial da Câmara dos Deputados, trouxeram grande insegurança jurídica à Receita e levaram os auditores-fiscais a deflagrar mobilização nacional baseada em realização de greve e também na entrega dos cargos de chefia, tanto nas Unidades Centrais quantos nas Regiões Fiscais", assinala Dias.

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Na semana passada, 57 auditores que ocupam cargos estratégicos na estrutura da Receita ameaçaram renunciar aos postos de confiança na 8.ª Região Fiscal (São Paulo), a que mais arrecada tributos. Ao mesmo tempo, quatrocentos auditores em cargos de direção em todo o País, inclusive em portos e aeroportos, tomaram a mesma medida.

Os auditores alegam que um substitutivo desfigurou o texto original do projeto de autoria da Casa Civil do Governo com endosso da Receita. O ponto principal que os inquieta é o trecho que, segundo eles, promove o 'compartilhamento' de prerrogativas com outras áreas.

De acordo com o documento, no segundo e terceiro trimestres de 2016 foram obtidos, por meio das ações realizadas no Acompanhamento de Maiores Contribuintes, uma arrecadação adicional de R$1,1 bilhão e R$0,99 bilhões, respectivamente. "Para o quarto trimestre de 2016, permanecendo a situação atual, a arrecadação adicional deverá ser próxima de zero, contra a média de R$1 bilhão por trimestre", prevê Guilherme Dias.

Na carta, o coordenador especial de Maiores Contribuintes aponta que 'os auditores-fiscais deflagraram mobilização nacional baseada em realização de greve e também na entrega dos cargos de chefia, tanto nas Unidades Centrais quantos nas Regiões Fiscais'.

"Na Coordenação Especial de Maiores Contribuintes, as entregas de cargo protocolizadas tornaram inviável a gestão da área de Acompanhamento dos Maiores Contribuintes", assinala.

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Ele anuncia que também poderá seguir o caminho dos colegas que colocaram seus cargos à disposição. "Com base na esperança de que o poder executivo envide esforços para viabilizar politicamente a aprovação do texto original do PL 5864/2016, continuarei a desempenhar minha função com o único intuito de garantir que, ao final desse processo traumático, ainda seja possível o retorno à normalidade. Mas, caso o retorno à normalidade se torne algo inviável, quer seja pela aprovação definitiva das alterações realizadas no PL 5.864/2016 ou pela injustificável demora em corrigir suas alterações, a continuidade no cargo de coordenador perderá sentido."

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